economia

Fala de Powell alimenta apetite ao risco e juros fecham com viés de baixa

Os juros futuros apagaram à tarde o sinal de alta moderada que marcou as taxas desde a manhã e fecharam praticamente estáveis, com viés de baixa. A melhora do mercado foi definida na última hora da sessão regular, após a entrevista do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, considerada “dovish”, alimentar o apetite pelo risco no exterior, com reflexos nos ativos locais. É nesse clima positivo que o mercado encerrou o dia à espera do comunicado do Copom, previsto para 18h. São dados como certos tanto um corte de 0,5 ponto porcentual nesta noite, levando a Selic a 5,0%, quanto outro igual em dezembro, com a taxa fechando 2019 em 4,5%. Há expectativa quanto à sinalização do statement para o quanto de espaço haveria para novas quedas no começo de 2020, com muitas apostas em Selic a 4% no fim do ciclo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou em 4,736%, de 4,742% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 terminou na mínima de 4,35%, de 4,367%. A do DI para janeiro de 2023 encerrou na mínima de 5,35%, de 5,360% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 também, na mínima, terminou em 6,03%, de 6,051%.

O Fed endossou o consenso das apostas e reduziu o juro para a faixa entre 1,5% e 1,75%. Se, por um lado, o comunicado não foi tão claro ao apontar para os próximos passos da política monetária ao afirmar, por exemplo, que “o Fomc vai avaliar condições econômicas para determinar momento e tamanho de novos ajustes”, por outro, a entrevista de Powell foi lida como “dovish”. Profissionais deram destaque para a afirmação de que os dirigentes estão comprometidos em estender a expansão da economia americana. Depois disso, o dólar se enfraqueceu lá fora e aqui voltou a ficar abaixo dos R$ 4.

Com a moeda americana nesse patamar, as declarações de Powell trazem ainda mais ânimo para os já otimistas com o Copom. O Banco Fator observa que o repasse dos movimentos do câmbio para os preços tem sido claramente obstado pela fragilidade da atividade econômica. “Caso o cenário para o câmbio se aproxime daquele sugerido pelo Copom, um quadro de valorização do real, a desinflação será mais rápida e mais forte, ensejando mais cortes na Selic mesmo que a meta do comitê seja uma taxa real de 1,0%”, afirma o banco, em relatório.

Com os eventos do Fed, os ruídos políticos gerados pela citação do nome do presidente Jair Bolsonaro nas investigações do caso dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, que chegaram a incomodar o mercado local pela manhã, foram se dissipando. Nesta tarde, o Ministério Público informou que apreendeu planilha e gravações da portaria de condomínio Vivendas da Barra, onde o presidente tem casas. Segundo o MP, a perícia comprovou que quem atendeu e autorizou entrada de Élcio Queiroz foi Ronnie Lessa. “O porteiro mentiu e os motivos serão apurados”, disse a procuradora do MP-RJ Simone Sibilio.

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