O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, quer a securitização das dívidas dos produtores rurais. O pedido consta de documento encaminhado às autoridades federais, relatando a crise vivida pela agropecuária brasileira, e por extensão a do Paraná. O material enviado ao presidente da República, ministros do Planejamento, da Fazenda e da Agricultura, bancada federal do Paraná e governador do Estado, detalha os fatores que levaram o agronegócio a uma crise sem precedentes, que teve início no segundo semestre de 2004, com os preços internos despencando por conta da política cambial.
As duas últimas safras de verão e de inverno (trigo) foram plantadas com um alto custo de produção e comercializadas na baixa dos preços internacionais, conseqüência da queda na cotação do dólar. A ocorrência de focos de febre aftosa restringiu a exportação de carne e a pecuária leiteira sofreu restrições no mercado interno. Produtores de frango, suíno e bovino arcaram com redução nas vendas e nos preços de seus produtos. Soma-se a isso a seca, que já deixou este ano um prejuízo superior a R$ 1,8 bilhão no Paraná, potencializando a crise.
Os reflexos desse quadro são facilmente identificados. O Paraná gerou menos empregos no ano passado em comparação com o ano de 2004 e a crise de renda dos produtores refletindo na agroindústria é apontada como principal responsável. Devido a queda na renda agrícola houve uma redução do número de empregos criados na agroindústria, que passou de 21.463 em 2004 para apenas 3.152 em 2005, representando queda de 85,31%.
O relatório traz também reivindicações necessárias e urgentes para que os produtores tenham condições mínimas de continuar produzindo e gerando saldos positivos na balança comercial brasileira. O compromisso de saldar dívidas acumuladas em um ano onde a renda será menor que em 2005, deixa os produtores rurais descapitalizados e com sua capacidade de produção comprometida. ?Como não há solução via preço, uma vez que a política cambial será mantida e, segundo economistas, o Real se valorizará ainda mais, a solução factível é securitizar as dívidas dos produtores, por lei ou medida provisória para dar fôlego ao produtor e cumprir o que foi ajustado com o governo federal no ano passado por ocasião do tratoraço?, diz Meneguette.
