Após queda de quase 40% em 2009, a receita das exportações de couro deverá crescer 30% em 2010, para US$ 1,5 bilhão, de acordo com estimativa do Centro das Indústrias de Curtume do Brasil (CICB). Apesar da recuperação, o valor ainda ficará longe do US$ 1,85 bilhão apurado em 2008 e dos US$ 2,3 bilhões de 2007, dois dos melhores anos do setor. No ano passado, as vendas externas renderam US$ 1,15 bilhão, queda de 38%. “Desde o segundo semestre de 2009 temos visto recuperação de preços e essa tendência deve continuar”, afirmou Wolfang Goerlich, presidente da entidade.

continua após a publicidade

Em volume, as vendas de 2009 ficaram apenas 4% abaixo das de 2008, com 23,5 milhões de peças vendidas ao mercado externo. A expectativa é que em 2010 esse volume fique estável. Segundo Goerlich, a estabilidade do rebanho bovino brasileiro não permite grandes incrementos no volume de couro exportado.

A indústria de couro foi uma das mais afetadas pela crise econômico-financeira internacional. Goerlich lembra que após a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, em setembro de 2008, os pedidos dos setores automobilístico e residencial dos EUA, maiores clientes do Brasil, simplesmente desapareceram.

No último trimestre daquele ano, os preços das peças de couro caíram pela metade no mercado internacional. “O colapso no mercado imobiliário e de automóveis norte-americano foi muito forte e fomos atingidos com uma violência incomum”, recorda-se. O efeito da crise foi especialmente forte para os curtumes brasileiros porque o País exporta mais de dois terços das 37 milhões de peças que produz por ano.

continua após a publicidade

Campanha

Aproveitando a recuperação das vendas, o CICB lança ainda neste mês uma campanha internacional de valorização do couro brasileiro. Com apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a entidade promoverá o produto nos países importadores. Os curtumes brasileiros querem mudar a imagem do couro brasileiro no mundo. “A qualidade do nosso produto melhorou, mas ainda há um caminho a percorrer”, diz Goerlich. “A campanha tem dois alvos: melhorar as condições de tratamento do rebanho e de retirada do couro e acabar com o preconceito contra o couro brasileiro no exterior.” O esforço maior tem como meta elevar as exportações de couro acabado, que hoje representam 50% do volume e 80% da receita.

continua após a publicidade

Para dar início à campanha, a entidade, após vários anos de ausência, voltou a participar da Couromoda, feira que começou hoje em São Paulo. Durante o evento, o CICB ainda realizará o Fórum Internacional do Couro na quarta-feira, das 14 às 17 horas. “Será um encontro de especialistas para discutir perspectivas de desenvolvimento da indústria do couro”, conta Goerlich.

A Couromoda está na 37ª edição e acontece de hoje até quinta-feira, dia 21, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na zona norte de São Paulo.