São Paulo (AE) – O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse ontem que sua equipe tem se reunido com representantes de setores exportadores prejudicados pelo câmbio para buscar alternativas, em conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de aporte de recursos de financiamento. ?A idéia é auxiliar as empresas a passar pelo período de aperto?, afirmou o ministro, ao comentar os efeitos da continuada apreciação do real sobre as vendas externas.

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Segundo o ministro, estão sendo analisados pedidos para incremento do financiamento pré-embarque em reais, com correção pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), ou outras modalidades que serão formatadas para os diferentes setores, quando necessário. O governo também estuda enquadrar pequenas e médias empresas nas linhas de financiamento de capital de giro. ?Podemos agir enquadrando as empresas nos programas já existentes, mas podemos também formatar novas medidas com programas específicos para os setores?, afirmou.

Os setores calçadista e automotivo já se beneficiam de programas especiais de financiamento, mas o ministro preferiu não enumerar outros setores que estejam pedindo ajuda do BNDES para superar o período de câmbio apreciado. Furlan afirmou apenas que se encontrou com representantes do setor moveleiro e que esse é um setor que poderia se beneficiar de programas especiais de financiamento.

Abit

Furlan conversou ontem com representantes do setor têxtil, cujas exportações também estão desacelerando. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Josué Gomes da Silva, disse, no entanto, que nenhuma medida consegue amenizar os problemas provocados pelo câmbio sobre a competitividade das exportações. Ele ressaltou que nos últimos 12 meses o real se valorizou em mais de 20%, enquanto as moedas dos principais concorrentes do Brasil no mercado externo mantiveram suas cotações ou até se desvalorizaram frente ao dólar.

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O empresário, filho do vice-presidente da República, José Alencar, e presidente da Coteminas, ressaltou que é muito difícil para o empresário brasileiro superar a apreciação do câmbio em um ambiente em que os insumos, sobretudo os preços administrados, sobem muito acima dos índices de inflação. ?A energia industrial é um exemplo?, afirmou. Segundo ele, quando se transforma o valor dos reajustes em dólar por megawatt/hora, tem-se um aumento de tarifa entre 35% e 40%. ?Como a indústria consegue controlar isso?, reclamou.