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Foto: Arquivo/O Estado

Usina de álcool: usineiro não precisa só vender barato.

Os preços do álcool combustível nas usinas estão 33% acima dos praticados em 2005 e nunca foram tão altos desde 2000 – se comparados os valores cobrados ao final das primeiras quinzenas de julho – de acordo com o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). Na última semana, o preço médio do litro do álcool hidratado nas usinas paulistas fechou em R$ 0,90947, 33,45% acima do R$ 0,68150 praticado no mesmo período de 2005. Já o valor cobrado pelo litro do anidro, de acordo com o Cepea, foi de R$ 1,0468, alta de 33,16% ante os R$ 0,7861 praticados na semana de 15 de julho do ano passado.

O aumento das exportações, principalmente para os Estados Unidos, é a causa apontada pela União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica) para esse novo patamar de preços em plena safra de cana-de-açúcar no centro-sul do Brasil. ?A bolha do mercado interno surgiu justamente no início da produção e isso assusta todo mundo porque imaginam que sempre o usineiro tem de vender o álcool barato no começo da safra?, disse o diretor da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.

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O banimento do MTBE (Metil Terc-Butil Éter) como aditivo nos Estados Unidos, a quebra na safra de milho utilizado na produção de etanol naquele país e a disparada nos preços do petróleo, causaram a bolha de exportação relatada por Rodrigues para os norte-americanos. ?Como grande parte do álcool foi para os Estados Unidos, a capacidade logística de escoamento conseguiu suportar esse volume?, explicou o diretor da Unica numa referência aos gargalos para o escoamento a partir do centro-sul do País.

De acordo com levantamento da entidade, dos 170 milhões de litros de álcool exportados em maio, 118,3 milhões (69,5%) foram para os Estados Unidos. Em junho, 336 milhões de litros da exportação recorde de 450 milhões de litros foram para o mercado norte-americano, ou 74,6% do total. ?Para julho já estão nomeados navios para serem enviados 260 milhões de litros e, para agosto, 70 milhões de litros?, explicou Rodrigues.

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Está computado nesse volume apenas o álcool que foi exportado diretamente, com imposto de US$ 0,54 por galão. Outra parte de álcool anidro é enviada aos Estados Unidos por meio de unidades de desidratação do hidratado localizadas na Jamaica e em El Salvador, que, depois de reprocessada, chega aos norte-americanos sem impostos.

A Unica calcula que o centro-sul deva exportar um total de 1,9 bilhão de litros entre abril e setembro, mesmo volume exportado em toda a safra passada, de maio a abril deste ano. ?A partir de setembro, com a entrada em operação de uma grande planta produtora de etanol nos Estados Unidos, a demanda deve recuar?, previu Rodrigues.

Se as exportações dispararam, no mercado interno, com o aumento dos preços aos consumidores de álcool, a demanda recuou, de acordo com a Unica. Em 2005, foram consumidos 2,3 bilhões de litros no centro-sul, ante 1,9 bilhão no mesmo período de 2006. Além da queda no consumo de hidratado, redução de 25% para 20% na mistura do anidro à gasolina contribuiu com 160 milhões de litros da diferença de 400 milhões de litros de álcool no mercado interno entre 2005 e 2006.