Nunca o País exportou tanto como em 2005, apesar do real valorizado em relação ao dólar, da crise provocada pela febre aftosa no setor de carnes e da quebra da safra agrícola. A perspectiva é bater um novo recorde de vendas externas este ano, porém com um ritmo de crescimento bem menor comparado ao de 2004.
No ano passado, as exportações brasileiras somaram US$ 118,309 bilhões, 23,1% a mais do que em 2004, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A taxa de crescimento superou a média mundial prevista pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 14%. Para este ano, a projeção do governo é vender no exterior US$ 132 bilhões, com crescimento de 11%, a metade do registrado em 2005.
"É uma projeção que o mercado pode considerar otimista, mas a nossa equipe consultou todos os setores e temos a convicção de que é perfeitamente atingível", afirmou o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Ele também não descartou a possibilidade de um volume de exportações ainda maior em razão do nível crescente da taxa de câmbio. "O câmbio poderá ajudar as previsões ficarem até mais otimistas em meados deste ano." Furlan observou que a partir de 2003 o País ampliou as exportações acima da média mundial e, segundo ele, isso deve continuar.
O ministro acredita na acomodação do câmbio ao longo do ano num nível superior ao atual. A recente decisão do Banco Central de retirar o limite para os bancos comprarem dólar poderá ajudar, em tese, a sustentar a cotação do câmbio. "Mas hoje a sensibilidade do mercado não está definida."
Para traçar o prognóstico inicial de 2006, Furlan levou em conta a taxa de câmbio entre R$ 2,20 e R$ 2,55, segundo ele, um prognóstico conservador. As estimativas também consideraram o crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 4% para 2006.
Furlan ressaltou que o governo pretende continuar perseguindo este ano algumas mudanças estruturais como a simplificação dos regulamentos e da burocracia cambial, da mesma forma como já vem trabalhando para a simplificação da burocracia no comércio exterior. "A lei básica do câmbio é de 1937 e precisa de um projeto de lei a ser enviado ao Congresso de forma se que possa fazer uma legislação para o século 21. O Brasil conta hoje com abundância de divisas e essa lei foi feita quando havia escassez."
Entre os fatores apontados pelo ministro para as vendas externas de 2005 terem superado todas as projeções está a inclusão de novos setores e regiões do País no mercado externo. Ele apontou também a simplificação dos programas de comércio exterior. "Neste ano, vamos ter a entrada do Novoex, que vai facilitar a vida dos exportadores."
Furlan também atribuiu o bom resultado a esforços das próprias empresas, às missões comerciais ao exterior e ao crescimento da economia mundial, que propiciou maior demanda por bens e aumento dos preços das commodities. Os produtos manufaturados registraram no ano passado a maior taxa de crescimento de quantidades exportadas (12,7%).
Essa categoria de produto foi a que mais contribuiu para o aumento das exportações. Em 2004, os manufaturados responderam por 54,9% das vendas externas e , em 2005, por 55,1%. "A qualidade das exportações está melhorando", afirmou o ministro. Ele destacou as vendas externas de materiais de transporte e combustíveis.
Além das exportações recordes, as importações, o saldo comercial e o fluxo de comércio exterior atingiram níveis históricos em 2005. As importações somaram US$ 73,545 bilhões, com alta de 17%. Furlan observa que as importações vão crescer este ano acima 20%, a depender do mercado interno.
O saldo comercial de 2005 foi de US$ 44,764 bilhões, 33% maior do que em 2004. O ministro admite que o superávit pode diminuir este ano. "Não temos a preocupação de manter superávit no nível de US$ 45 bilhões, o Brasil não precisa disso.