Dados divulgados na tarde desta segunda-feira (26) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, nas quatro primeiras semanas de novembro, quatro dos principais setores exportadores brasileiros registraram quedas nos seus embarques. Os produtos metalúrgicos recuaram 4,9%, na comparação com novembro de 2006. O açúcar caiu 30,2% e os produtos elétricos e eletrônicos, 3,3%.
Por outro lado, os embarques de produtos básicos cresceram 21,9% estimulados pelos desempenhos dos setores de milho em grãos, fumo, algodão, de carnes suína e de frango e de petróleo em bruto. As exportações de manufaturas cresceram 16,4%, graças às vendas de gasolina, óleos combustíveis, aviões, hidrocarbonetos, pneus, tratores, automóveis e veículos de carga. As vendas externas de semimanufaturados aumentaram em 8,2% por conta dos embarques de catodos de cobre, ferro-liga, óleo de soja, celulose e semimanufaturas de ferro/aço. Com isso, houve expansão de 16,8% nas exportações de novembro, em relação a igual mês de 2006.
Importações
O crescimento de 21 dos 23 principais setores de importação do Brasil permitiu que as compras externas de bens alcançassem US$ 8,851 bilhões nas quatro primeiras semanas de novembro – cifra 36,3% maior que a de igual mês de 2006. Desses 23 setores, apenas o leite e derivados e o algodão apresentaram quedas das importações, respectivamente de 17,7% e de 4,3%. Principais produtos de importação do Brasil, os combustíveis e lubrificantes tiveram aumento de 28,7%. Em seguida, os equipamentos mecânicos apresentaram crescimento de 49,9%, e os equipamentos elétricos e eletrônicos, de 31,3%.
Superávit
A redução do saldo comercial brasileiro, em relação a igual mês de 2006, vem sendo percebida desde junho. Mesmo assim, o saldo acumulado de janeiro a 23 de novembro passado continua positivo em US$ 35,944 bilhões. A cifra é, de fato, 12,1% mais modesta que a de igual período de 2006, quando alcançou US$ 40,872 bilhões.
De acordo com José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a valorização do real em relação ao dólar tornou-se a principal causa da corrosão do superávit comercial brasileiro. Na avaliação de José Augusto de Castro, essa corrosão não é ainda maior porque os preços das matérias-primas (commodities) exportadas pelo País garantem a competitividade no mercado externo.
As exportações de manufaturas acabam sendo mais prejudicadas, mas ainda encontram vazão no mercado interno. Para Castro, a taxa de câmbio mais favorável às importações traz como principal problema a tendência de substituição da produção nacional de insumos e de bens intermediários pelo concorrente estrangeiro.