São Paulo (AE) – As exportações brasileiras de carne bovina ultrapassaram as exportações de carne bovina da Austrália em volume financeiro no acumulado de janeiro a novembro de 2006, informa a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Bovina (Abiec). No período, as exportações brasileiras atingiram US$ 3,475 bilhões ante US$ 3,374 bilhões da Austrália, de acordo com pesquisa da associação. Em volume, o Brasil já havia ultrapassado a Austrália, e registrou, no período, 2,113 milhões de toneladas ante as 1,338 milhão de toneladas australianas.
Segundo o presidente da Abiec, Marcos Vinicius Pratini de Moraes, a boa performance brasileira na receita deve-se a uma maior diversificação das exportações do Brasil e ao aumento das vendas externas de cortes com maior valor agregado, principalmente de carne resfriada e embalada a vácuo. Incluindo miúdos, o Brasil exportou, de janeiro a novembro de 2006, um volume de 2,2 mil toneladas, alta de 10,74% em relação ao mesmo período de 2005, com uma receita financeira de US$ 3,596 milhões, alta de 27,27%.
Pratini disse que a expectativa é de que o Brasil mantenha-se acima dos números da Austrália por causa da redução do rebanho australiano em decorrência da seca que está afetando as regiões produtoras e da volta de todos os estados brasileiros à exportação com os últimos ajustes que estão sendo feitos para que o Mato Grosso do Sul retome as vendas externas de carnes. ?Enquanto o Brasil vai elevar as exportações, a Austrália terá que reduzir?, disse. Com o fim do embargo ao MS, a Abiec pretende retomar suas ações de busca de novos mercados.
De janeiro a novembro, o principal importador de carne bovina in natura brasileira foi a Rússia, com 407.144 toneladas e US$ 653,085 milhões, uma queda de 1,86% em quantidade em relação ao mesmo período de 2005, mas alta de 23,12% em valor. O segundo maior importador foi o Egito, com 271.719 t e US$ 339,99 milhões, alta de 41% em volume e 51,91% em receita.
Pratini estima que o ano de 2006 terminará com uma receita perto de US$ 4 bilhões, um crescimento de 10 vezes no período de 5 anos. Em 2007, a previsão é que as exportações continuem crescendo menos em volume e mais em valor. Segundo o executivo, o volume físico exportado deverá crescer entre 5% e 10% em 2007 e o volume financeiro entre 10% e 15%.
O setor também está animado com a possibilidade de o Chile voltar a importar carne brasileira. Segundo Antonio Camardelli, diretor-executivo da Abiec, o Chile está praticando uma sanção econômica contra a carne brasileira. ?A Argentina, que registrou foco de aftosa depois do Mato Grosso do Sul no Brasil, já está exportando para o Chile, mas o Brasil ainda não?, disse. Para pressionar os importadores chilenos, a Abiec pretende levar até o governo brasileiro provas de que o Chile fere os acordos sanitários internacionais no comércio de salmão ao utilizar corantes e fixadores que são proibidos pela Organização Mundial do Comércio e pela Organização Internacional das Epizootias (OIE).
Os produtos proibidos descobertos no salmão chileno são os corantes astaxantina e verde malaquita e o fixador etoxin. ?Já deixamos de exportar perto de US$ 187 milhões em carne bovina para o Chile por causa desta sanção econômica e vamos tomar medidas para abreviar este embargo?, disse Camardelli.