A queda de 50,8% nas exportações do setor automotivo no primeiro trimestre de 2009, para US$ 1,59 bilhão, contribuiu para puxar para baixo a produção das montadoras instaladas no País nesse período. Entre janeiro e março a indústria produziu 660 mil veículos, com queda de 16,8% ante igual intervalo de 2008. “A queda das exportações avançou em março e deverá continuar com a mesma contundência no segundo trimestre”, afirmou hoje o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider.
Segundo a entidade, nos primeiros três meses do ano foram exportadas 86,1 mil unidades, o que representa uma queda de 52,3% sobre igual período do ano passado. “Exportamos 100 mil carros a menos no primeiro trimestre”, destacou. Schneider citou dados do bimestre, quando as vendas para Argentina caíram 62,1%. No mesmo período, as exportações para o México recuaram 43,6% e para a União Europeia caíram 34,3%. Para o grupo andino a retração foi de 45,3%, enquanto para o Chile a queda chegou a 74,6%.
Em relação às vendas no mercado interno, o executivo informou que o mix de licenciamento voltou à normalidade em março, com os carros modelo 1.0 respondendo por 52% do volume comercializado. Os estoques, por sua vez, caíram para 165.640 unidades no terceiro mês do ano, o equivalente a 18 dias de vendas. Em fevereiro os estoques nas montadoras e nas concessionárias totalizava 181.495 unidades ou 27 dias de vendas. “Com certeza tivemos o efeito da antecipação de compra em março por conta da incerteza sobre a prorrogação da isenção do IPI, mas ainda não sabemos exatamente qual o tamanho desse efeito”, disse Schneider.
Crédito
O presidente da Anfavea afirmou que trabalha com um cenário de expansão do crédito em 2009. O executivo justifica que a decisão do Banco Central de estimular o retorno dos bancos pequenos e médios, por meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), terá um efeito muito importante sobre a economia brasileira em 2009.
“Nossa perspectiva para o mercado interno é boa, principalmente, em razão das medidas rápidas tomadas pelo governo”, afirmou. Segundo o executivo, o Brasil terá um ajuste sim, mas não tão contundente e perverso quando o esperado para outros mercados. Segundo Schneider todos os países deverão registrar queda nas vendas de veículos neste ano, com exceção da China.
O presidente da Anfavea afirmou ainda que a projeção da entidade para o ano, de queda de 3,9% nas vendas internas de veículos, para 2,71 milhões de unidades, leva em consideração um primeiro trimestre positivo, ou seja, com crescimento em relação a igual período do ano anterior, de queda forte no terceiro trimestre, por conta do fim da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e queda menor no último trimestre do ano. Nesse caso, explica, em razão da baixa base de comparação de 2008, já que o setor registrou forte queda nas vendas nesse período, por conta da crise financeira internacional.
O executivo voltou a afirmar que os investimentos em curso não serão paralisados. A estimativa de Schneider é de que a indústria trabalhe em 2009 com uma ociosidade na faixa de 25% a 30%.