As exportações chinesas apresentaram uma queda surpreendente em janeiro, o que sugere que as fábricas estão às voltas com a fraca demanda do exterior, além da interna.
As importações também caíram acentuadamente durante o mês passado, em parte devido à fraca demanda por parte da indústria local, mas também por causa dos preços do petróleo e das matérias-primas significativamente mais baixos, dando ao país mais um superávit comercial expressivo.
“O setor de manufaturados da China está sob grande pressão, uma vez que tanto a demanda externa como a interna permanecem lentas”, disseram os economistas da ANZ Li-Gang Liu e Zhou Hao, em nota a clientes.
As exportações recuaram 3,3% em janeiro ante igual período do ano anterior, conforme mostraram os dados da Administração Geral das Alfândegas neste domingo. Esta foi uma deterioração acentuada em relação à alta de 9,7% registrada em dezembro. A queda também frustrou os economistas consultados pelo The Wall Street Journal, que esperavam uma expansão de 4% em janeiro.
A fraqueza das exportações reforça a imagem interna já decepcionante, após uma pesquisa sobre atividade industrial feita pelo governo chinês em janeiro ter indicado um recuo ao nível mais fraco desde setembro de 2012.
A economia da China cresceu 7,4% no ano passado, um ritmo que muitos países invejariam, mas foi pior resultado do país em 24 anos. Espera-se que o governo reduza sua meta de crescimento para 7% este ano, uma vez que a economia global continua a apresentar uma recuperação lenta e a demanda doméstica está fraca.
Em janeiro, as exportações para o Sudeste da Ásia e os EUA foram mais fortes, enquanto os embarques para a União Europeia, Japão e Hong Kong, um mercado-chave de transbordo, ficaram mais fracos em dólares.
O yuan perdeu mais de 2% em relação ao dólar no ano passado, mas a valorização da moeda norte-americana frente a outras moedas geralmente levaram a divisa chinesa a uma elevação, aumentando os preços das exportações da China em outros mercados e tornando as condições de negociação mais difíceis.
Em um comunicado que acompanha os dados de comércio, as autoridades aduaneiras chinesas disseram que uma pesquisa mostrou a confiança dos exportadores mais fraca pelo quarto mês consecutivo. “Isso mostra que as exportações vão enfrentar uma pressão de baixa no primeiro trimestre, assim como no início do segundo trimestre”, afirmou o comunicado.
Economistas alertaram, no entanto, que os dados do ano passado para janeiro podem ter sido inflados pelo sobrefaturamento dos exportadores, que tentavam contornar regulamentações monetárias e internalizar mais divisas. As exportações subiram quase 11% em janeiro de 2014, em relação ao ano anterior.
Os economistas também disseram que as comparações poderiam ser distorcidas pelo feriado do Ano Novo Lunar, que começa em meados de fevereiro neste ano e caiu no final de janeiro do ano passado. As fábricas muitas vezes paralisam as atividades antes do feriado, para que trabalhadores migrantes possam ir para casa para a festa mais importante do ano no país.
“Acho que deveríamos olhar para janeiro e fevereiro como um todo para obter uma imagem real”, disse Larry Hu, economista do Macquarie Group, acrescentando que uma recuperação na economia dos EUA este ano poderia significar um crescimento de 7% nas exportações da China em 2015.
Fonte: Dow Jones Newswires