As vendas internacionais e os negócios acumulados no mercado estadual foram os dois fatores que influenciaram no faturamento positivo da indústria paranaense no primeiro bimestre de 2005. Nos dois primeiros meses do ano, em comparação com mesmo período de 2004, as vendas do setor cresceram 4,61%, sendo que no mês de fevereiro, em relação a janeiro, a alta foi de 0,54%.
De acordo com a pesquisa Análise Conjuntural, do Departamento Econômico do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em fevereiro, as indústrias exportaram 14,53% mais que o mês anterior, o que resultou em um crescimento de 3,82% no bimestre. ?A alternativa do setor industrial para manter o crescimento registrado no ano passado é exportar. A Fiep considera a prática estratégica e, por isto, trabalha para buscar novos mercados e parceiros?, afirma o presidente da entidade, Rodrigo da Rocha Loures, que está no Japão estabelecendo acordos institucionais, após ter percorrido a China no mês de março.
Destino
No ano, as vendas da indústria paranaense se mantiveram aquecidas para todos os destinos. Um dos fatores positivos é que as compras estão sendo feitas em pagamentos de curto prazo ou à vista, em função da taxa de poupança interna, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística fechou 2004 em 23,2%.
Dentro do Estado, o acumulado do ano foi de 12,50% e, para outros estados, o crescimento foi mais tímido, de 0,28%. Dos dezoito itens pesquisados, metade contribuiu para alta no faturamento industrial neste início de 2005.
Compras
A desvalorização do dólar manteve em alta as compras da indústria do Paraná. De acordo o Departamento Econômico da Fiep, o desempenho de janeiro e fevereiro (17,13% superior ao de 2004) é fruto de reposições estratégicas, principalmente as realizadas no exterior (com alta de 23,03%). Também houve expansão das compras dentro do País (23,5%) e do Estado (6,96%).
Emprego
A indústria paranaense gerou 390 novas vagas de trabalho, um aumento de 8,23% sobre o primeiro bimestre de 2004. Material Elétrico e de Comunicações (3,38%), Material de Transportes (2,73%) e Produtos Alimentares (1,58%) aumentaram seus quadros de funcionários, apostando em maior atividade econômica.
Os setores com maiores declínios foram Couros, Peles e Produtos Similares (8,27%) e Mecânica (8,24%). Segundo Maurílio Schmitt, estes segmentos passam por reestruturações. ?O gênero Mecânica sofre com a redução das vendas de máquinas e implementos agrícolas dentro do mercado interno?, explica o economista.
Em fevereiro, a capacidade instalada subiu para 76%, quatro percentuais a mais sobre janeiro, enquanto as horas trabalhadas caíram 4,2%, por conta do menor número de dias do mês. Em relação a janeiro, a massa salarial líquida dos trabalhadores da indústria apresentou aumento de 0,09%.
Média nacional chegou a 2,85%
As vendas nacionais da indústria cresceram 2,85% em fevereiro, com relação a janeiro, descontados os fatores sazonais. Mas a CNI (Confederação Nacional da Indústria), que divulgou ontem os indicadores industriais, considera que há uma desaceleração no ritmo da atividade industrial. Os indicadores apresentaram dados positivos também para o pessoal empregado (+0,23%), horas trabalhadas na produção (+0,82%) e salários líquidos (+0,09%).
Mas a avaliação do coordenador da Unidade de Política Monetária da CNI, Flávio Castelo Branco, é de alerta. Segundo ele, o resultado das vendas reais em fevereiro não chegaram sequer a compensar a queda de 3,20% registrada em janeiro.
?Os indicadores de fevereiro mostram arrefecimento no ritmo de crescimento da atividade industrial, apesar de serem positivos em geral?, disse o coordenador ao apontar a valorização do real frente ao dólar e o aperto na política monetária como fatores responsáveis por esse resultado.
Na comparação com o ano passado, os indicadores também são positivos: as vendas cresceram no período 5,86%, o emprego 6,84%, as horas trabalhadas na produção 7,23% e os salários líquidos 8,07%.
Considerando o primeiro bimestre do ano, o ritmo de crescimento também é positivo. O crescimento das vendas foi de 3,47% sobre os números de janeiro e fevereiro de 2004, o emprego acumulou uma alta de 6,99% no período, as horas trabalhadas na produção cresceram 7,52% e os salários 8,74%.
O uso da capacidade instalada recuou em fevereiro para 81,9%, contra 82% registrados em janeiro. Apesar da queda, o nível é considerado elevado pela CNI para o início do ano. ?Não há registro de um começo de ano com um nível de utilização e capacidade tão elevado?, disse Castelo Branco.
Segundo ele, esse indicador sinaliza que o investimento em máquinas e equipamentos deve permanecer como prioridade em 2005. Prova disso seriam os resultados de alta nas importações de bens de capital registrados nos dois primeiros meses do ano.
Os indicadores industriais são resultado de pesquisa mensal realizada pela CNI junto a cerca de 3.000 grandes e médias indústrias localizadas em 12 estados.