Exportação em alta deixa o preço do mel “salgado”

Para os consumidores de mel, foi “salgada” a alta de até 100% ocorrida no preço do mel nos últimos três meses. Estável desde 94, o quilo do produto, que era vendido no varejo curitibano entre R$ 5 e R$ 6 (na entressafra), teve um aumento médio de 50%, passou para R$ 9 (nas feiras livres e lojas de produtos naturais) a R$ 12 (em grandes redes de varejo). Explicação para o aumento? “A exportação ficou muito boa com a alta do dólar. Para o produtor, está sendo muito melhor exportar do que vender para entrepostos e mercados”, relata Pedro Gentil Andriolli, presidente da Associação Curitibana de Apicultores. “Para concorrer com o exportador, temos que elevar o preço”, comenta.

Historicamente, a exportação brasileira de mel sempre foi tímida. “O europeu era um consumidor enjoado. A diversidade da flora brasileira resultava em cores e sabores diferentes e eles queriam um produto padrão”, historia Andriolli. Nesse ínterim, China e México tornaram-se os maiores exportadores de mel. Porém com a queda no volume comercializado por esses países, o mercado voltou a comprar o produto brasileiro no ano passado, aumentando as compras neste ano. “Eles continuam dizendo que o mel do Brasil muda muito, mas reconhecem que é puro”, diz Andriolli.

Quando o mel custava R$ 5 ao consumidor, os apicultores recebiam em média R$ 2,50 por quilo. Hoje, com o quilo vendido em torno de R$ 10, o preço pago ao produtor varia entre R$ 5 e R$ 5,50. Este aumento foi necessário para segurar parte da produção no mercado interno, já que os exportadores pagam entre US$ 1,50 e US$ 2 por quilo de mel. Se os entrepostos brasileiros não pagarem um valor parecido, os apicultores preferem vender o produto para exportadores. A Associação Curitibana de Apicultores reúne 298 produtores num raio de 200 quilômetros a partir de Curitiba, mas apesar de associados, eles são independentes para negociar com quem oferecer melhor preço, salienta Andriolli.

O entreposto da Associação Curitibana de Apicultores foi procurado por exportadores, mas optou por atender o consumidor paranaense e de outros estados. “Minha filosofia é ganhar, negócio é negócio, mas não posso esquecer do consumidor que sempre foi fiel na compra do produto. Podemos elevar o preço, mas não vamos deixar o consumidor a pé”, diz Andriolli. Mesmo não negociando mel com o exterior, o abastecimento no mercado interno está comprometido. “Estamos praticamente sem mel para entregar nesse período de entressafra. Aguardamos a safra, que começa em dezembro, mas com receio de que ela vá para fora”, observa.

As vendas do entreposto da associação caíram para mais da metade do total registrado no ano passado, devendo fechar o ano com cerca de 30 toneladas. “Deixamos de participar das licitações da Prefeitura por falta de produção”, conta Andriolli. Ainda não há uma previsão sobre a próxima safra. “A produção do ano passado foi boa, mas neste ano há muita flor para abrir. As floradas não são sempre homogêneas. Quando o inverno é rigoroso, demora para desenvolver, mas arrebentam milhares de árvores. Quando o inverno é meio quente, muitas árvores florescem antes da hora, servem para alimentar as abelhas, mas não para produzir o mel”, explica o presidente da associação. Se a produção continuar baixa e a exportação se mantiver, o preço ao consumidor deve ficar estável, projeta Andriolli.

O consumo anual de mel no Brasil é de 2 quilos per capita. Na Alemanha, chega a 12 quilos por ano. “A maior parte dos brasileiros só come mel quando está doente, como remédio, enquanto o europeu vê a importância nutritiva”, assinala Andriolli, lembrando que Curitiba foi a pioneira na realização de feiras do mel no Brasil, em 1976.

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