O embarque de 58,6 mil toneladas de milho no navio Minon Flame na última quinta-feira, no Porto de Paranaguá, incrementou ainda mais os patamares expressivos que o grão vem atingindo no terminal paranaense. O volume exportado entre janeiro e o dia 10 de outubro já é 34% maior em comparação ao mesmo período do ano passado. O porto embarcou até o momento 3,58 milhões de toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado foram exportadas 2,68 milhões de toneladas do grão. Os embarques deste ano também já superam 2006 inteiro, quando foram escoadas 3,34 toneladas de milho.
As boas notícias no cais são reflexos do que vem ocorrendo no campo. A previsão até o final do ano é que o Brasil produza entre 50 milhões e 60 milhões de toneladas de milho. Deste total, cerca de 11 milhões serão destinados ao mercado externo.
?Temos uma situação extremamente positiva para o Paraná em relação à produção de milho. A expectativa inicial de 8 milhões já foi superada e o Porto de Paranaguá tem total condições de absorver toda essa demanda e manter-se como o principal porto exportador do produto no Brasil?, declarou o gerente-geral da Companhia Brasileira de Logística (CBL), Washington Viana.
?A área de influência dos estados que são grandes produtores de milho converge para o porto paranaense. Os preços estão ajudando e são estímulo para agregar uma maior área produtiva, aliada à aplicação de tecnologia?, acrescenta o representante da CBL.
Na região Sul, a cotação da saca de 60 quilos de milho varia de R$ 22,50 a R$ 23,50. Segundo análise do boletim econômico Safras e Mercados, o mercado aguardava o desenvolvimento do leilão de quinta-feira (11) para redefinir a trajetória de preços. A previsão de chuvas, conforme o boletim, vai se confirmando para toda a próxima semana em toda a região Sul, com avanço do plantio. Os valores pagos ao milho brasileiro sofrem um acréscimo de US$ 50 por tonelada graças ao grão ser livre de transgenia.
Em comparação ao cultivo brasileiro, a produção americana de milho será maior, com estimativa de produção de 350 milhões de toneladas, sendo 80 milhões de toneladas direcionadas à exportação. ?Nos Estados Unidos, o fortalecimento do milho como um importante componente energético está incentivando uma nova realidade de oferta e demanda. Isso tem valorizado essa commodity como matriz energética e uma abordagem diferente no mercado?, explicou Viana.
Renda
O uso do milho para combustível, segundo Washington Viana, não vai fazer sumir o grão para consumo, mas vai incentivar a produção no Brasil, onde o milho gera maior renda aos agricultores. ?Mesmo o produto sendo usado nos Estados Unidos para o esmagamento e transformação em álcool, os preços e a produção irão balizar a oferta do produto. Não haverá falta de milho porque a resposta da agricultura brasileira é fantástica. O agricultor do Brasil e do Paraná mostra que, apesar de todas as dificuldades passadas em relação à obtenção de crédito e adversidades climáticas, tem uma resposta fantástica de crescimento de produção?, revelou o gerente da CBL.
O milho, diferentemente da soja, se aplica a uma produção de pequenos e médios produtores rurais. A soja tem uma vocação inicial para médias e grandes áreas cultiváveis e a mecanização dela é de 100%. Já o milho é apontado por especialistas do setor como responsável pela geração e distribuição de renda para os produtores rurais.