As exportações brasileiras de proteína animal devem voltar a bater recordes neste ano. Em 2014, as vendas externas de carne bovina, suína e de frango já alcançaram níveis históricos, com crescimento em volume ou receita, resultado da demanda aquecida. Para este ano a perspectiva de abertura de novos mercados em meio a um cenário de redução da oferta de animais em países concorrentes favorece o escoamento da produção do País. A projeção de um real mais desvalorizado frente ao dólar também reforça a expectativa positiva de associações e empresas do setor em relação ao desempenho do mercado internacional. A tendência é de que as exportações aquecidas compensem uma possível desaceleração do consumo doméstico, mantendo os preços em patamares elevados.

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Com a diminuição do rebanho dos Estados Unidos e da Austrália e a crescente demanda dos países emergentes, o segmento de bovinos deverá apresentar o melhor desempenho entre as carnes. “A oferta de bois no mundo está restrita, mas o Brasil não está sofrendo com isso. Por outro lado, a demanda internacional vem crescendo, o que puxa os preços internacionais do gado”, explicou Leonardo Alves, analista da Votorantim Corretora. A estimativa da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) é de que a receita com as exportações da proteína bovina alcancem US$ 8 bilhões ao final deste ano, valor que representa um aumento de 9,8% em relação à receita de US$ 7,2 bilhões estimada pela entidade para 2014.

Em volume, a projeção também é de obter novo recorde. De acordo com a Abiec, os embarques ao longo de 2015 podem totalizar 1,7 milhão de toneladas, volume 7,6% superior ao esperado no ano passado. Os dados da associação levam em conta as exportações de carne in natura, miúdos e processados. Considerados apenas os números referentes à carne in natura, os dados informados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostraram que a receita em 2014 atingiu o maior nível já registrado ao somar US$ 5,736 bilhões. O volume da proteína in natura embarcado no ano passado totalizou 1,227 milhão de toneladas, ficando muito próximo do recorde de 1,286 milhão registrado em 2007.

Além da China, que oficializou a reabertura de seu mercado à carne bovina in natura brasileira em novembro passado, o setor espera que em 2015 Japão e Estados Unidos também retirem seus embargos ao produto. “A principal vantagem do mercado norte-americano é o trânsito no Nafta. México e Canadá também são importantes mercados consumidores de carne”, destacou o presidente da Abiec, Antônio Jorge Carmadelli. O potencial de exportações do Brasil para os EUA é de 64 mil toneladas de carne bovina, principalmente de proteína in natura. Segundo ele, as projeções da Abiec ainda não incluem um possível acesso aos Estados Unidos, ou seja, o volume de exportações do Brasil em 2015 pode ser ainda maior do que o previsto inicialmente. Hoje, o País exporta aproximadamente apenas 20% da sua produção de bovinos.

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Com os preços internacionais da carne bovina elevados, a expectativa é de que os preços da proteína e da arroba do boi gordo também permaneçam altos no mercado brasileiro. “Em 2015, com uma redução da oferta e exportações aquecidas, os preços da carne para o consumidor serão altos e, para o produtor, os preços da arroba também continuarão lucrativos”, estimou o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. De acordo com Alves, os preços elevados da proteína bovina tendem a puxar também as cotações das carnes concorrentes, como a de frango e a suína.

Aves e suínos

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Ainda que a projeção para as exportações de aves e suínos seja de um desempenho mais modesto frente ao segmento de bovinos, a expectativa é de um forte ganho de margem para a produção desses animais. Os criadores e as indústrias devem se beneficiar da redução das cotações dos grãos, que compõem grande parte dos seus custos. Para a BRF, maior exportadora do segmento no País, os gastos com milho e soja representam de 20% a 25% do custo total das vendas das carnes in natura.

De acordo com estimativas da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o volume das exportações de carne de frango deve crescer entre 3% a 4% frente ao resultado de 2014, quando pouco mais de 3,6 milhões de toneladas foram embarcadas. Já a previsão para o segmento de suínos é de uma manutenção do desempenho observado no ano passado: volume inferior, mas com ganho de receita devido ao aumento do preço internacional da carne suína. O valor mais alto da proteína é resultado direto da queda da oferta mundial de animais.

Apesar do cenário positivo, a recente queda dos preços do petróleo levanta a preocupação de que Rússia, Venezuela e países do Oriente Médio, todos importantes mercados consumidores das carnes brasileiras, reduzam as suas importações. No entanto, o foco do setor parece ser mesmo o mercado chinês. “A China e a abertura de novos mercados serão mesmo o principal vetor de crescimento”, disse Francisco Turra, presidente executivo da ABPA. Segundo ele, o governo chinês deve habilitar no início deste ano oito novas plantas brasileiras, sete produtoras de aves e uma de suínos.