O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou hoje que a taxa de inflação brasileira já recuou bastante nos últimos anos e que a trajetória é de continuidade na queda. Por isso, Meirelles acredita que, em algum momento, a taxa de juros poderá convergir para os padrões internacionais. “A taxa de juros é um instrumento para manter a inflação na meta. Ela (inflação) tem caído nos últimos anos e a expectativa é que continue a cair e, portanto, nada impede que o Brasil tenha taxa de juros, nos próximos anos, que convirja para os padrões internacionais”, disse.

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Meirelles fez a afirmação numa rápida entrevista coletiva após ter participado de cerimônia de entrega da reforma de parte do prédio sede do Banco Central em São Paulo. Em relação à possibilidade de o Brasil alcançar uma taxa de juros real de 2% ao ano em 2014, Meirelles limitou-se a comentar que esse “é um desejo de todos”. E acrescentou: “a taxa de juros continua numa trajetória cadente; quando assumimos (2003) a taxa real estava acima de 14% ao ano, depois chegou a 16% e agora está em 6%”.

Meirelles também falou sobre a importância da autonomia operacional concedida ao Banco Central pelo presidente Lula. De acordo com Meirelles, foi graças a essa autonomia que a instituição conseguiu tomar decisões mais duras nos momentos em que houve necessidade.

Sobre a continuidade do trabalho feito nesses oito anos em que ficou à frente do BC, Meirelles disse que a instituição está preparada para dar continuidade e sustentabilidade ao trabalho. “Não só o novo presidente (Alexandre Tombini), que trabalhou conosco nos últimos cinco anos, mas também a diretoria e os funcionários.”

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Meirelles afirmou que a instituição terá pela frente os mesmos desafios de qualquer outro banco central. “O BC tem que ficar sempre vigilante: é o responsável pela manutenção do poder de compra da moeda, pela estabilidade do sistema financeiro, pela manutenção e aperfeiçoamento de um mercado de câmbio que funcione de maneira eficaz, pela gestão das reservas internacionais e, em última análise, mantendo o equilíbrio macroeconômico”, disse, acrescentando que esse é um desafio que nunca acaba. “Não existe um momento em que se diz: agora o BC não precisa mais trabalhar. O BC em qualquer país do mundo tem desafios sempre e em qualquer época.”

O presidente do BC ressaltou que sempre existem momentos, como a crise de 2008 e, antes disso, a crise de 2003, que são “momentos que envolvem um tipo de engajamento maior, que ninguém procura, mas quando acontecem têm de ser enfrentados.”

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Também estavam presentes no evento os diretores de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, de Liquidações e Controle de Operações do Crédito Rural, Antonio Gustavo Matos do Vale, de Administração, Anthero de Moraes Meirelles, e o chefe do chefe do Departamento de Recursos Materiais e Patrimônio (Demap), Antonio Carlos Mendes de Oliveira.