O crescimento da indústria brasileira no início de 2008 mantém o perfil do ano passado, com a liderança na produção do setor de bens de capital (máquinas e equipamentos) e de bens duráveis, segundo o coordenador de indústria do IBGE, Silvio Sales. Em janeiro, na comparação com igual mês do ano passado, a produção de bens de capital cresceu 14,7%, enquanto a de bens duráveis aumentou 15,7%.
Segundo Sales, o resultado da produção total de janeiro, que mostrou expansão de 8,5% na indústria ante igual período do ano anterior, apresentando ganho de ritmo em relação ao quarto trimestre de 2007 (7,9%), pode revelar estoque reduzido nas empresas no início do ano. "É provável que haja um movimento de recuperação de estoques", afirmou.
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A expansão de 1,8% na produção industrial em janeiro ante dezembro foi puxada especialmente por veículos automotores, com alta de 9% na produção nessa base de comparação, após uma queda de 7,5% apurada em dezembro ante novembro. Entre as atividades pesquisadas ante mês anterior, 19 registraram crescimento e oito apresentaram queda na produção.
Os outros destaques de crescimento em janeiro ante dezembro, em termos de impacto na taxa total, foram, nessa ordem, os setores de alimentos (3,9%), outros produtos químicos (5,7%), outros equipamentos de transporte (35,3%) e edição e impressão (6,4%).
Por outro lado, houve pressão de queda de máquinas para escritório e equipamentos de informática (-8%), além de material eletrônico e equipamento de comunicações (-11,3%) e refino de petróleo e álcool (-1,9%).
Média trimestral
A queda de 0,3% no índice de média móvel trimestral no trimestre encerrado em janeiro, ante o terminado em dezembro, "não sugere uma inflexão na tendência da indústria, uma vez que nas demais comparações há uma elevação no ritmo da produção", segundo o coordenador do IBGE Silvio Sales.
Segundo ele, a queda no índice de média móvel ocorreu por causa da "saída do mês de outubro", que apresentou resultados muito significativos para a indústria. "Considerando os outros indicadores da indústria e as informações extra pesquisa que existem hoje, não há sinais de que vá haver uma inflexão na curva do setor", disse Sales.
Para o coordenador, a queda no índice de média móvel "não sinaliza uma tendência, já que há continuidade no aumento das importações, melhoria no mercado de trabalho, inflação comportada e esse conjunto de coisas não sugere que a produção vá entrar em fase de decréscimo, o que não significa que não vá desacelerar o crescimento".
Por categoria de uso pesquisada, apenas os bens de consumo semiduráveis e bens não-duráveis registraram queda no índice de média móvel trimestral em janeiro (-0,2%), enquanto houve aumento para bens de consumo duráveis (0,7%), bens intermediários (0,5%) e bens de capital (0,1%).
Informática
A queda de 10,9% na produção de máquinas para escritório e informática em janeiro, ante igual mês do ano passado, foi puxada por computadores, impressoras e monitores, segundo Sales. Ele disse que, na consulta às empresas desse segmento, os técnicos do IBGE foram informados de que há estoques elevados. "Pode ser um ajuste momentâneo ou não, é preciso esperar os resultados do varejo de janeiro e os próximos dados da indústria",afirmou. Em 2007, a produção desse segmento havia acumulado alta de 14,4%.