Em abril, quase 36% das indústrias de veículos e autopeças informaram ter estoques excessivos, segundo a Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O porcentual vem caindo desde novembro, mas ainda é elevado, demonstrando uma persistência do desequilíbrio entre produção e demanda.
Em períodos de estabilidade econômica, esse porcentual se mantém ao redor de 7%, segundo o superintendente adjunto para Ciclos Econômicos da FGV/Ibre, Aloisio Campelo Jr. “Outros setores já fizeram ajustes e caminham para o equilíbrio, mas o segmento de transportes sempre foi o mais problemático e é o que está mais distante do equilíbrio”, diz.
Na indústria de transformação como um todo, quase 10% das empresas afirmaram ter estoques em excesso em abril, porcentual que estava em 16,3% em novembro e em 20,3% em agosto de 2015, quando teve início o recuo para o segmento. Já na área automotiva, o auge do desequilíbrio ocorreu em novembro, quando 54,8% das empresas pesquisadas informaram estar com os pátios lotados.
Em 2012 e 2013, ajudada pelo corte do IPI, a indústria automobilística registrou seus melhores anos no País, com vendas de 3,8 milhões e 3,7 milhões de veículos, respectivamente. Neste período, os estoques chegaram a ficar negativos, o que mostrava falta de produto para atender à demanda.
A reversão ocorreu a partir de 2014, com a crise econômica e política, que levou ao aumento do desemprego, queda da renda, restrição ao crédito e desconfiança dos consumidores, além do fim dos incentivos – que já demonstravam seu esgotamento. “Os canais para tentar recuperar as vendas não apareceram e a situação piorou muito em 2015”, diz Campelo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.