Exames revelam que não há aftosa no Paraná

O Laboratório Nacional de Apoio Agropecuário (Lanagro), de Belém do Pará, anunciou no final da tarde de ontem que as suspeitas de febre aftosa no Paraná não se confirmaram. A avaliação de que o Estado estava livre do vírus havia ganhado força nos últimos dias. Depois de provas e contraprovas, todos os exames de materiais das quatro propriedades onde havia animais suspeitos deram negativo.

O laudo com o resultado final foi enviado ontem à tarde à Secretaria de Defesa Agropecuária, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SDA/Mapa).

Desde a semana passada, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, vinha fazendo declarações de que o Estado do Paraná poderia estar livre do vírus da febre aftosa. Anteontem, Rodrigues voltou ao tema dizendo que talvez tenha sido ?precipitada? a atitude do Brasil em relação às suspeitas no Paraná.

No caso do Mato Grosso do Sul, o governo apenas se pronunciou oficialmente quando o Lanagro de Recife, responsável pelas análises de materiais colhidos em Eldorado (MS), confirmou a doença.

A decisão de interditar as cidades onde estavam as propriedades com suspeitas de foco (Amaporã, Grandes Rios, Maringá, Toledo e Loanda) e outras 32 no entorno amplificou o estado de alerta do País, já existente em razão dos casos confirmados de aftosa no sul do Mato Grosso do Sul.

A informação sobre as suspeitas no Paraná – apresentada pelo governo local no dia 21 de outubro – provocou novos anúncios de embargo à carne brasileira. Até o dia 20 desse mês, 41 países haviam interrompido a importação parcial ou totalmente de carne do Brasil.

Oito novos países tomaram a mesma decisão nos dias subseqüentes ao comunicado das suspeitas no Paraná. O governo tenta agora reverter a situação.

O Lanagro teve muitos problemas com o material coletado dos animais e enviado pelos técnicos sanitários do governo do Paraná a Belém do Pará. As coletas chegaram a ser refeitas. Em nenhum desses materiais foi possível isolar o vírus da aftosa, o que, pelas provas e contraprovas, significa ausência da contaminação.

As suspeitas sobre o Paraná foram amplificadas em razão da venda de animais originários da região afetada no Mato Grosso do Sul. Poucos dias antes das suspeitas de aftosa na Fazenda Vezozzo, onde houve o primeiro foco confirmado -no município de Eldorado (MS) -, um lote de 40 animais de uma fazenda vizinha, a Bonanza, de propriedade do pecuarista José Moacir Turquino, foi transportado para um leilão em Londrina (PR).

A saúde desses animais foi atestada pela Agência Estadual de Defesa Animal e Vegetal (Iagro), do Mato Grosso do Sul. As autoridades sanitárias do Paraná também haviam atestado a sanidade do gado. Como tiveram origem na mesma região do foco, houve a ilação imediata de que esses animais seriam os vetores do vírus da aftosa. A relação não foi confirmada.

Exportação

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carne (Abiec), Marcus Vinícius Pratini de Moraes – que ontem pela manhã já informava ter conhecimento da ausência de focos de aftosa no Paraná, disse que, agora, o governo precisa pedir a ?reabertura? dos mercados fechados.

Sobe para 4.376 o número de animais abatidos no MS

Subiu para 4.376 o número de animais abatidos no extremo sul do Mato Grosso do Sul, onde há confirmação de 22 focos de febre aftosa, mostra levantamento do Ministério da Agricultura e da Agência Estadual de Defesa Sanitária e Vegetal (Iagro) divulgado ontem. A estimativa é que 20.000 animais terão de ser sacrificados.

Por determinação do Iagro, o sacrifício dos animais foi acelerado para evitar a propagação do vírus. Até o começo da semana, duas equipes de três pessoas cada faziam o trabalho de sacrificar animais. Agora são quatro grupos.

Ontem, o vice-presidente da Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa), Wilson Roberto de Sá, admitiu que a paralisação dos fiscais agropecuários pode ir além do previsto inicialmente. A idéia da categoria era manter a paralisação até a próxima segunda-feira. ?Nossa expectativa era chegar, nesse prazo, a uma posição que atendesse às partes?, afirmou. Ele disse, no entanto, que o Ministério do Planejamento não apresentou nenhuma proposta.

Os fiscais reivindicam aumento salarial, realização de concurso público, isonomia entre ativos, aposentados e pensionistas e fim do contingenciamento dos recursos orçamentários da Secretaria de Defesa Agropecuária. São 13 os níveis da carreira, com salários entre R$ 2.800 e R$ 4.021. O pedido é para que esses valores sejam corrigidos para R$ 4.140 e R$ 5.900, respectivamente. ?A situação atual aponta para essa direção (de continuidade da greve)?, afirmou.

Ele calculou que, dos 2.700 fiscais da ativa, 810 técnicos não aderiram ao movimento para o atendimento básico. Esses fiscais estão trabalhando em ações de combate e controle da febre aftosa, gripe aviária, portos, aeroportos, postos de fronteira e na liberação de produtos perecíveis, mas em número reduzido.

De acordo com ele, uma granja de Cascavel (PR), que abate 150 mil aves por dia, terá prejuízo de R$ 800 mil por dia quando sua capacidade de estocagem estiver saturada. ?Os prejuízos diários cairão para R$ 200 mil depois que a greve acabar?, calculou.

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