Brasília – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Banestado reúne-se hoje para ouvir o depoimento de Nicéia Camargo, ex-mulher do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Os membros da CPI esperam que o depoimento de Nicéia ajude a esclarecer o papel tanto de Celso Pitta quanto do ex-prefeito de São Paulo e ex-governador Paulo Maluf, na construção da Avenida Águas Espraiadas e do túnel Ayrton Senna.

Em entrevistas dadas à época, Nicéia Camargo disse que Pitta e Maluf teriam recebido propinas variando entre 15% e 20%, respectivamente, das empresas envolvidas na construção das duas obras. Nicéia Camargo deveria ter comparecido à comissão no mês passado, mas, alegando que fora avisada somente às vésperas da data marcada pela CPMI, informou que não teria como deslocar-se para Brasília a tempo.

O depoimento de Nicéia está previsto para audiência pública e somente resultará em sessão secreta se ela resolver prestar aos senadores e deputados da comissão informações sobre as contas dos dois ex-prefeitos e fornecer dados sobre possíveis remessas ilegais de dinheiro “lavado” ao exterior.

Depoimentos

A semana da CPMI do Banestado está com uma pauta repleta de depoimentos: além de Nicéia Camargo amanhã, a comissão deverá ouvir, amanhã, o contador Eraldo Ferreira, do extinto Banestado (Banco do Estado do Paraná), comprado pelo Itaú; na quinta-feira (18), o ex-governador do Paraná Jaime Canet Júnior; e na sexta-feira (19), o ex-presidente da Unimed José Ricardo Savioli. Savioli, por sinal, deveria ter sido ouvido no mesmo dia em que estava previsto o primeiro depoimento de Nicéia Camargo, mas, alegando problemas de saúde, enviou atestado médico e conseguiu adiar o depoimento.

Além desses depoimentos, o relator da CPMI, deputado José Mentor (PT-SP), informouque é possível realizar, ainda nesta semana, audiência com um representante do Banco do Brasil. Segundo ele, esse funcionário do banco oficial, cujo nome ainda não é conhecido, falaria sobre as funções da tesouraria que o Banco do Brasil tinha em Foz do Iguaçu (PR), porque “o BB operava naquele município como caixa do Banco Central”, segundo esclareceu Mentor.

Está previsto também para esta semana o retorno dos assessores da CPMI que permaneceram em Nova York, após encontros de membros da comissão com autoridades das áreas política e jurídica norte-americanas. Esses assessores ficaram lá selecionando documentos referentes à movimentação bancária da agência do Banestado e rastreando, em bancos americanos, o destino de recursos que passaram pelas contas suspeitas de receber recursos oriundos de lavagem de dinheiro, contrabando e tráfico de drogas e armas no Brasil.

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