As autoridades da China não têm motivo para temer uma eventual desvalorização do yuan e deveriam deixar que a moeda flutuasse livremente, permitindo que as forças de mercado determinassem seu valor, afirmou um ex-assessor do banco central chinês (PBoC, pela sigla em inglês).
“De todos os países, a China é o que tem mais condições de suportar uma moeda depreciada” em função de seu forte crescimento econômico, grande superávit comercial, elevada taxa de poupança e gigantescas reservas internacionais, disse Yu Yongding, pesquisador sênior da Academia Chinesa de Ciências Sociais, em entrevista ao The Wall Street Journal. “Não há melhor momento do que o atual para permitir a livre flutuação do yuan”, acrescentou ele.
Em 2015, Pequim deu um passo no sentido de permitir que o mercado tenha um papel maior na determinação do valor do yuan, ao desvalorizar a moeda em cerca de 2% ante o dólar em um único dia. Inesperada, a medida levou a um enfraquecimento adicional do yuan que abalou a confiança dos investidores na segunda maior economia do mundo.
Desde então, o PBoC utilizou parte significativa de suas reservas internacionais para combater movimentos especulativos e sustentar o valor do yuan. À medida que grandes levas de capital abandonaram a China, Pequim também adotou medidas regulatórias para limitar a saída de recursos financeiros.
Mais de dois anos depois, Xu acredita que a campanha do governo chinês para impulsionar o yuan e garantir a estabilidade atingiu níveis extremos. Se a China tivesse seguido o plano inicial e deixado que o yuan continuasse se enfraquecendo, a moeda eventualmente teria se estabilizado, evitando que as autoridades desperdiçassem reservas, segundo sua avaliação.
Pequim continua prometendo que deixará o yuan ficar mais sujeito às forças de mercado. Desde 2015, a moeda chinesa se recuperou, acumulando valorização de mais de 4% ante o dólar desde o começo do ano. O avanço mais forte do que o esperado da economia e controles de capital mais rígidos reduziram as pressões de saídas de capital, tornando desnecessária a intervenção do governo no mercado de câmbio este ano.
Em outubro, o chefe da Administração Estatal de Câmbio (Safe, na sigla em inglês), Pan Gongsheng, declarou que a China “basicamente deixou” de fazer intervenções regulares, segundo a mídia estatal.
Para Xu, esse é um bom sinal, embora seja necessário acompanhar o mercado por mais tempo, principalmente se as pressões de desvalorização voltarem. Fonte: Dow Jones Newswires.