O avanço das ações de estatais na bolsa de valores leva a crer que os investidores estrangeiros estão apostando fortemente na derrota da candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT). Mas a verdade é que uma eventual vitória da petista não os surpreenderia. Independentemente do resultado, eles não devem perder dinheiro, pois estariam protegidos com operações em outros mercados.
Um indício disso é que os investidores que não residem no País são os únicos comprados em opções de venda do Índice Bovespa Futuro, com 47.994 contratos, considerando a posição em aberto de todos os vencimentos. Os bancos e outras instituições jurídicas financeiras estão vendidos em 41.155 contratos, enquanto os investidores institucionais em 4.251 contratos e as pessoas físicas em 2.290 contratos, de acordo com o último dado disponibilizado pela BM&FBovespa.
A conclusão é que os estrangeiros estariam preparados para uma eventual vitória da presidente Dilma. Se isso ocorrer e o Ibovespa cair, eles exerceriam a opção de venda ao preço de exercício do contrato (mais popularmente conhecido por strike). Assim, mesmo que comprados nas estatais, ficariam protegidos de uma possível queda das ações.
Nesse contexto, um dado chamou a atenção do mercado: a posição de investidores comprados em opções de venda do Índice Bovespa Futuro que vencem em dezembro – o primeiro vencimento após o provável segundo turno das eleições presidenciais. São 361.518 contratos em aberto, mais de três vezes os 105.707 contratos de outubro.
Não é possível identificar se os investidores comprados nessas opções são locais ou estrangeiros, mas operadores e gestores ouvidos acreditam que a maior parte da posição foi montada por não residentes. Um dos motivos para essa suspeita é que os estrangeiros estão comprados em contratos de Ibovespa Futuro, com cerca de 74.000 contratos em aberto. Além disso, no mercado à vista eles carregam uma posição comprada na bolsa de valores de R$ 20,5 bilhões neste ano. “O mercado de opções parece ser a porta de saída deles”, opinou um gestor de fundos.
A indicação de que os investidores não estão confiantes na derrota de Dilma na corrida presidencial é que ao mesmo tempo em que o Índice Bovespa se valorizou, avançou a compra de contratos em aberto de opções de venda. Em meados de julho deste ano, quando o Ibovespa estava no patamar dos 55.000 pontos, a posição comprada em opções de venda do Ibovespa Futuro para dezembro era de 262.375 contratos.
Já em 15 de agosto, pouco após o falecimento do Eduardo Campos que levou Marina Silva à disputa pelo PSB, o Ibovespa atingiu 56.963 pontos e a posição comprada nesses derivativos atingiu 355.643 contratos.
O preço de exercício do contrato de opção de venda com vencimento em dezembro com maior posição comprada é de 44.000 pontos. Trata-se de uma opção europeia, que pode ser exercida apenas na data de vencimento do contrato. Isso significa que se o Ibovespa Futuro ficar abaixo de 44.000 pontos, o investidor detentor da opção de venda poderá exercer seu direito de vender.
O segundo contrato para dezembro mais demandado tem strike de 50.000 pontos. “A verdade é que muitos participantes do mercado não estão apostando na vitória da oposição. Eles estão comprados em uma ponta e vendidos em outra, podendo ter ganhos independentemente do resultado”, explicou um gestor.