Evento em São Paulo debate o futuro da internet

O primeiro dia do NETmundial foi marcado por defesas da liberdade e da privacidade na internet, ao lado dos esperados pedidos por uma governança onde participam diversos setores e governos. A bandeira do modelo multissetorial se refletiu nos nomes que estiveram presentes na abertura do evento, além da presidente Dilma Rousseff.

A sequência de discursos reuniu o vice-presidente do Google Vint Cerf, criador do protocolo de número IP, a ativista nigeriana Nnenna Nwakanma, o criador da World Wide Web, o cientista da computação britânico Tim Berners-Lee e Fadi Chehadé, presidente do ICANN, órgão responsável pela gestão da internet mundial e ligado ao Departamento do Comércio dos Estados Unidos.

Cerf alertou sobre o mau uso da internet, falando em “vandalismo digital” e na censura de regimes que não respeitam os direitos humanos e a liberdade de expressão. Berners-Lee pediu “uma governança da internet que faça com que a comunidade sente à mesa de decisões”.

No início do segundo painel do NETmundial representantes de diversos países, academia e da sociedade civil aproveitaram a sessão para apoiar o modelo multissetorial e fazer suas considerações sobre a governança da web. “A internet é mais disruptiva do que a eletricidade, a industrialização? é a maior revolução do mundo. E só podemos criar mudanças positivas se entrarmos em acordo”, afirmou Neelie Kroes, vice-presidente da Comissão Europeia e membro do Comitê de Alto Nível da NETmundial.

O principal destaque do painel foi a participação dos Estados Unidos, principal motivador para realização do evento, após as revelações do ex-técnico da NSA Edward Snowden.

Michael Daniel, assistente especial do presidente Barack Obama e coordenador de cibersegurança da Casa Branca, declarou que os EUA apoiam o modelo multissetorial.

Daniel também comentou sobre a espionagem. “Sobre as dúvidas em relação à vigilância não autorizada, reafirmamos o que o presidente Obama disse em janeiro e continuamos comprometidos com a reforma da nossa inteligência”, disse.

Alguns países, como Rússia e Argentina, defenderam uma maior participação dos governos nas decisões. “O modelo atual de governança passa por crise séria. Nós acreditamos que o modelo multissetorial deve incluir governos, que têm papel importante na segurança e estabilidade da internet”, afirmou Nikolai Nikiforov, ministro da Rússia.

Evento paralelo

No fim da tarde de quarta-feira, 23, um grupo de peso se reuniu no ArenaNETmundial, evento coligado e aberto ao público, antes de um painel sobre os 25 anos da internet. Em coletiva de imprensa, o ministro-chefe da secretaria geral da presidência da república Gilberto Carvalho, Berners-Lee, o ex-ministro da cultura, músico e ativista Gilberto Gil, o relator especial da ONU para o direito à liberdade de expressão e opinião e advogado de direitos humanos Frank La Rue, o vice-presidente da Thought Works Neville Roy Singham,o sociólogo Sérgio Amadeu e o conselheiro do CGI Demi Getschko comemoraram a aprovação do Marco Civil e discutiram o futuro da rede a partir do NETmundial.

Lee destacou o Brasil como um líder importante para os próximos 25 anos da internet. “Qualquer um pode se envolver no desenvolvimento da web. Para isso todos precisam aprender a programar e que não apenas imaginem o que se passa no computador”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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