Os produtores europeus usam um brasileiro para depor contra as exportações nacionais de carne. Para tentar mostrar que sua avaliação é imparcial, a investigação apresentada nesta segunda-feira ao Parlamento Europeu incluiu uma vasta explicação do professor Augusto Pinto, alertando que parte dos surtos de aftosa que surgem no Mato Grosso do Sul não é divulgado oficialmente. Para ele, o Brasil não aprendeu as lições do surto de 2005 e adota a política de "não querer saber" o que ocorre no gado do País.

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No documento, o professor é apresentado como ex-conselheiro do Ministério da Agricultura e alguém com mais de 30 anos de experiência no setor. Segundo ele, o governo não consegue controlar a febre aftosa e recursos são escassos para monitorar a produção. Isso, segundo Pinto, aumentaria as chances de um novo surto de febre aftosa no País. Ele confirmaria que o transporte do gado pelo Brasil também aumenta os riscos.

Augusto Pinto também teria condenado o fato de que fazendeiros compram as vacinas apenas para ter seu registro e sequer aplicam o remédio nos animais. O professor ainda duvida da capacidade de rastrear e criar um sistema de monitoramente para o gado ao norte do Mato Grosso do Sul. Os ataques contra o governo ainda apontam para a recusa do novo Ministério da Agricultura de seguir conselhos científicos e um controle da aftosa nunca ocorrerá até que políticas sejam modificadas.

Para Pinto, algumas medidas precisariam ser adotadas, como a construção de um novo laboratório de controle, a distribuição de maiores recursos para os veterinários e um controle efetivo das fronteiras do Brasil com o Paraguai e Bolívia.

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Desconhecido

O brasileiro apresentado pela União Européia hoje para desqualificar a carne bovina brasileira no Parlamento Europeu é um completo desconhecido para a comunidade agropecuária brasileira. "Eu trabalhei mais de 30 anos no governo na área de agropecuária e nunca ouvi falar deste professor", afirma Ênio Marques, consultor e ex-diretor de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura.

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"Pelas suas afirmações, ele demonstrou que não tem muito conhecimento sobre o processo de combate a aftosa brasileiro e um desconhecimento muito grande sobre a atual situação do setor" disse Marques.

O analista José Vicente Ferraz, do Instituto FNP, atuando há mais de 20 anos no setor pecuário, também desconhece a testemunha apresentada pela UE. "Nunca ouvi falar neste nome tanto na área acadêmica quanto no mercado", disse.