Bruxelas (AE) – A tradicional produção de vinho da Europa começará a sofrer uma de suas reformas mais drásticas em quase 40 anos. Nas últimas décadas, os crescentes subsídios recebidos pelo setor geraram um fenômeno inusitado: uma produção muito acima da capacidade de consumo e de exportações dos europeus.
As distorções causadas pelos subsídios estão obrigando os líderes na fabricação de vinho no mundo a transformarem o excedente da produção em etanol para alimentar máquinas industriais e, assim, evitar o aumento do que é conhecido na Europa como os ?lagos de vinho?.
A Comissão Européia apresentou esta semana, em Bruzelas, a sua proposta de reforma aos governos para que comecem a tomar decisões sobre como reequilibrar o setor. A comissária de Agricultura da União Européia (UE), Mariann Fischer Boel, espera que o debate esteja concluído nos próximos meses para que a reforma seja aprovada em dezembro.
Segundo especialistas europeus, o problema tem sido o destino dado aos subsídios. A ajuda era usada para garantir a renda dos produtores, mas acabou agora prejudicando a qualidade do vinho europeu e sua competitividade. Isso porque a ajuda estatal é direcionada às empresas improdutivas e que só sobrevivem graças ao Estado.
Com uma concorrência cada vez maior dos vinhos da Califórnia, Chile, África do Sul e Austrália, os produtores europeus se deram conta de que não podem mais sustentar uma fabricação que não seja competitiva.
Para completar, os europeus estão até mesmo importando vinho de outras regiões do mundo. Na última década, o crescimento das importações foi de 10% ao ano, ante uma exportação estagnada. ?O vinho europeu é o melhor do mundo. Mas apesar de nossa história e qualidade, o setor enfrenta problemas severos?, disse Mariann.
A primeira etapa do processo de reforma começa com uma redução da área plantada de vinhas. Hoje, são 3,4 milhões de hectares na Europa dedicados ao setor, ou seja, 2% das terras agrícolas do continente. A idéia é que os produtores sejam pagos por seus governos para abandonar a produção e se dedicar a outro cultivo. Com isso, as autoridades esperam reduzir em 400 mil hectares a área destinada aos vinhedos. A UE calcula que gastará 2,4 bilhões para ?convencer? financeiramente os produtores a pararem de produzir vinho.
