Os mercados se tornarão mais céticos em relação ao grande plano da zona do euro para resolver sua crise em semanas e o bloco de moeda única vai sofrer para atrair investidores estrangeiros, disse hoje Nouriel Roubini, economista mais conhecido por prever a crise global de crédito de 2008. “Nas próximas semanas haverá questões sobre a viabilidade do que foi decidido e cada vez mais os mercados se tornarão céticos em relação a se essa é a solução para a zona do euro”, afirmou Roubini em uma entrevista em Paris.

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Os líderes da zona do euro chegaram a um acordo numa série de medidas para resolver a crise da zona do euro na madrugada, inclusive um veículo de propósito específico para atrair investidores privados e públicos. Eles também entraram em acordo sobre um haircut de 50% sobre a dívida grega com o setor privado e um sistema para proteger os investidores contra as primeiras perdas de novos bônus soberanos dos integrantes mais fracos da zona do euro.

Roubini disse que a zona do euro vai ter dificuldades para atrair investidores para um veículo de propósito específico ou para novos bônus soberanos aprimorados. De acordo com a empresa de análise financeira do economista, a Roubini Global Economics, um esquema protegendo investidores contra os primeiros 20% de uma perda eventual apenas reduziria os prêmios de risco de Espanha e Itália sobre bônus alemães em 40 a 50 pontos-base.

“Não é o suficiente e torna esses bônus muito arriscados”, avaliou Roubini. Ele também disse que se o corte de 50% da dívida “foi imposto aos credores gregos, então por que alguém escolheria uma exposição na Itália ou Espanha?”

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Além disso, a reestruturação grega foi desenhada para evitar que seja acionado o seguro contra default de crédito, sugerindo que o mesmo poderia ser feito se houver um haircut na dívida italiana ou espanhola, analisou o economista. Enquanto Roubini reconheceu que as medidas tomadas pela zona do euro foram necessárias, ele considera não serem suficientes, pois há uma lacuna importante no plano: estimular crescimento e competitividade. “A recessão já está em curso na zona do euro”, afirmou. “As pessoas vão dizer que é boa engenharia financeira, mas, a menos que a região cresça economicamente, haverá um grande problema”.

Para restaurar o crescimento, o Banco Central Europeu (BCE) precisaria reverter completamente e agressivamente os cortes de juros e o euro deveria cair em direção à paridade com o dólar americano, segundo Roubini. Seriam necessários também estímulos para os principais países da zona do euro. A probabilidade dessas três coisas acontecerem é perto de zero, concluiu o economista. As informações são da Dow Jones.

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