Após ser derrotada em disputa com o Brasil, Austrália e Tailândia na OMC (Organização Mundial de Comércio), a União Européia anunciou ontem mudanças em sua política de subsídios aos produtores de açúcar para tentar enquadrá-los nas regras da organização.

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Atualmente o bloco europeu tem estabelecido um preço mínimo de compra do produto, o que garante lucratividade aos agricultores da região. A nova proposta da UE prevê a redução de 39% desse preço mínimo, o que, em tese, deve desestimular os produtores locais e elevar as importações do produto de regiões mais competitivas. Os agricultores europeus, entretanto, fizeram duras críticas à proposta.

?Não há alternativa para uma reforma profunda?, rebateu a comissária de Agricultura da UE, Mariann Fischer Boel. ?Os produtores de açúcar da UE tem um futuro competitivo, mas somente se nós agirmos agora preparando-os para os desafios à frente.? Em abril, a OMC considerou ilegal o sistema de subsídios que garantia preços acima do mercado para os produtores europeus de açúcar.

O preço mínimo estabelecido pela UE é quatro vezes superior ao cobrado no mercado mundial e se sustenta apenas devido a uma política restritiva de importações por meio de sobretaxas.

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Para o Brasil, essas tarifas impedem a competição e acabam elevando a oferta de açúcar em outros mercados, depreciando o preço do produto.

Mesmo com o corte de 39% nos preços proposto, o preço do açúcar na UE continuará bastante acima do cobrado no mercado mundial.

Países pobres

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Outro problema que envolve a proposta é que a UE oferece aos países mais pobres do mundo, localizados na África e no Caribe, preferências para a importação de açúcar.

Mudanças nessas políticas são encaradas com receio por esses países, que pedem que a UE faça uma redução gradual do preços nos próximos dez anos ao invés de um corte abrupto.