O presidente da Eurasia Group, Ian Bremmer, avaliou que “são muito boas” as perspectivas de reformas no Brasil em 2017, como a da Previdência Social. A instituição prevê que há 70% de chances da mudança ser aprovada pelo parlamento neste ano. “Os congressistas deverão colaborar com a agenda de reformas para a melhora da situação da economia”, comentou, em uma teleconferência.
Bremmer destacou que o quadro de mudanças estruturais no País ocorre em meio à ação da Operação Lava Jato, que mexe com o cenário político no Brasil e tem apoio da opinião pública. “Mas não vejo risco do presidente (Michel) Temer ser substituído”, afirmou.
O presidente do grupo ainda comentou que o mundo inteiro ingressará em 2017 numa recessão geopolítica. Ele atribui isso especialmente ao choque da eleição de Donald Trump à presidência nos Estados Unidos e ressaltou que resultará em muita volatilidade.
Na sua avaliação, com o sucessor do presidente Barack Obama interessado em tornar “a América Grande novamente”, como diz o slogan de Trump, o foco da Casa Branca estará em questões internas, sobretudo econômicas, de imigração e de segurança, ao invés de buscar a liderança mundial de temas geopolíticos. “Com o conceito de América em primeiro lugar, é o fim da era da PAX Americana, na qual globalização era sinônimo de americanização”, comentou.
“Os EUA independentes de temais globais, voltando-se para assuntos internos, é o principal risco geopolítico de 2017”, disse Bremmer. Nesse contexto, ele aponta que as tensões no cenário internacional entre países poderão se aguçar neste ano, sobretudo no Oriente Médio, Europa e Ásia, o que poderá trazer oscilações muito intensas para preços de ativos financeiros tão significativas quanto se viu durante a crise de 2008.
Em complemento à fala de Bremmer, o diretor-geral do Eurasia Group, Cliff Kupchan, pontuou que o segundo maior risco geopolítico deste ano seria uma reação exagerada da China a desafios mundiais.
Kupchan lembrou que no fim do ano acontecerá o 19º Congresso do Partido Comunista, consolidando o poder do presidente Xi Jinping. “Ele (o presidente) poderá ficar muito sensível a questões internacionais de política externa ou sobre oscilações da economia que poderiam provocar tensões sociais internas”, comentou. Além disso, com Trump na presidência, é possível imaginar que as relações econômicas entre EUA e China poderão passar por situações de dificuldade, destacou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo./b>