Otimismo deu o tom dos negócios hoje na Bovespa. |
O otimismo tomou conta do mercado financeiro nesta segunda-feira, marcada por novos recordes dos ativos brasileiros. O dólar comercial atingiu seu menor valor em dois meses ao fechar em baixa de 0,83%, cotado a R$ 2,853 na compra e R$ 2,855 na venda. O C-Bond voltou a atingir recorde histórico, derrubando o risco-país. No final da tarde, o título valia 99,18% do seu valor de face, com alta de 0,56%. Já o risco Brasil diminuía 9,18%, para 425 pontos-base.
A aproximação do C-Bond de seu valor integral traz ao mercado a expectativa de que o Banco Central (BC) promova a recompra do título (??call??), prevista nas regras de emissão do papel. O BC também poderia promover uma troca de títulos da dívida, alongando seu perfil. As especulações são de que essa operação ocorra ainda neste mês.
?Janeiro é um mês em que os administradores de fundos reestruturam seus portfolios, em busca de boas oportunidades de ganhos. A percepção é de que o Brasil viverá um momento muito bom neste ano. Por outro lado, o país ainda paga taxas altas?, disse Fábio Faria, diretor de fundos do banco francês Crédit Lyonnais. Passados os feriados de Natal e Ano Novo, o volume de negócios praticamente voltou ao normal, considerando que janeiro é, tradicionalmente, um mês de menor movimento. Com isso, o mercado de câmbio deve ter um mês bem mais tranqüilo, estimam os profissionais do mercado.
?O dólar acompanhou o cenário otimista, que é generalizado. A economia continua sob controle, restando apenas a perspectiva de melhora neste ano. Se há uma tendência para o dólar, ela é de baixa?, disse um gerente de mesa de um banco dealer.
O profissional ressalva que uma queda contínua do dólar não virá sem reclamações da parte dos exportadores, que garantiram um superávit comercial de US$ 24,8 bilhões em 2003. Em defesa da balança comercial, o Banco Central e o Tesouro Nacional poderão conter um movimento brusco, por meio da compra de dólares no mercado.
As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em baixa ontem, acompanhando a desvalorização do dólar e as apostas em novos cortes da taxa Selic. A taxa básica da economia está hoje em 16,50% ao ano.
De acordo com o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), o mercado aposta em um corte de 0,5 ponto percentual na taxa neste mês.
O Depósito Interfinanceiro (DI) de fevereiro, que projeta a Selic de janeiro, fechou em 16,09% anuais, praticamente estável no dia. O DI de julho, o mais negociado, recuou de 15,71% para 15,65% anuais. O DI de abril passou de 15,83% para 15,65% ao ano.
Bovespa dispara 4,8%
O Ibovespa, que reúne as 54 ações mais negociadas da Bovespa, teve ontem a maior alta percentual desde o final de outubro de 2002, mês das eleições presidenciais. O índice disparou 4,83% e, pela primeira vez na história, superou o patamar de 23 mil pontos, fechando aos 23.528 pontos. O giro financeiro alcançou mais de R$ 1,4 bilhão, bem acima da média do mês passado (R$ 1,2 bilhão), sinalizando a forte presença de investidores estrangeiros.
A alta do mercado americano, com novos sinais de crescimento da economia, a expressiva queda do risco Brasil (10%) e o ajuste nos preços de algumas ações do setor siderúrgico foram citados como os principais fatores para a sétima alta consecutiva do Ibovespa.
A Bolsa eletrônica subiu quase 2% com a notícia de que as vendas globais de semicondutores cresceram 25,7% em novembro pelo quarto mês consecutivo.
Já o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, avançou mais de 1% após a divulgação de que o gasto com construção nos EUA subiu mais que o esperado em novembro, atingindo um novo recorde de alta.