Os Estados Unidos apresentaram nesta segunda-feira à Organização Mundial do Comércio (OMC) uma proposta de eliminar todas as tarifas industriais até 2015. Apesar da tentativa de Washington em demonstrar que a idéia pode dar impulso ao desenvolvimento dos países mais pobres, vários governos, entre eles o Brasil, alertam: a proposta não resolve o problema de acesso a mercados enfrentados pelas economias em desenvolvimento.
O governo de Washington argumenta que o projeto inclui a liberalização inclusive de tarifas para o setor têxtil e de calçados, exportações que poderiam beneficiar o Brasil. Além disso, a Casa Branca garante que a idéia tiraria cerca de 300 milhões de pessoas da pobreza em todo o mundo. A eliminação de tarifas ainda geraria ganhos de US$ 500 bilhões às economias em desenvolvimento.
Mas, para o Itamaraty, os maiores obstáculos para que os produtos exportados pelo País tenham acesso aos mercados das economias centrais não são as tarifas de importação, mas as barreiras como salvaguardas, cotas, exigências técnicas e medidas antidumping.
Os norte-americanos já praticam tarifas relativamente baixas para produtos industriais e reduzir um pouco mais as taxas não representaria um grande esforço para o país. “Resta saber o que farão para eliminar os outros obstáculos ao comércio”, afirma um diplomata brasileiro.
Segundo a proposta da Casa Branca, os países teriam até 2010 para eliminar todas as tarifas de até 5%. Em um segundo momento, os governos teriam até 2015 para eliminar o restante das tarifas, inclusive os picos tarifários.
No caso do Brasil, a média tarifária, que hoje é de 13%, seria reduzida para 4% em 2010, e totalmente eliminada em 2015. Para os norte-americanos, a redução seria de uma média atual de 4,5% para 2%, em 2010.
A União Européia e o Japão já se declararam contrários à proposta, alegando que se deveria dar aos países em desenvolvimento mais flexibilidade para eliminar suas tarifas. Por enquanto, os únicos a apoiarem a proposta da Casa Branca são os governos de Hong-King, Cingapura e Nova Zelândia, numa demonstração de que os norte-americanos terão dificuldades para convencer a comunidade internacional a aceitar a idéia.