Quito – A falta de percepção dos Estados Unidos sobre as reais necessidades da América Latina é a causa do impasse nas discussões da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A opinião é do secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, Pedro Camargo Neto. Sem avanços, a VII Reunião Ministerial da Alca, que aconteceu na semana passada em Quito, mostrou bem que sem uma política de desenvolvimento, a Alca será um acordo desigual.
Camargo acredita que o jogo do “toma lá, dá cá” (trade off, na linguagem comercial) não levará a qualquer proposta de desenvolvimento regional. “É preciso dialogar mais e mais com os Estados Unidos. Eles têm de entender que o Sul precisa de algumas concessões para se desenvolver. Para a Alca seguir em frente, o parceiro maior tem de perceber que o crescimento das Américas é importante para ele mesmo”, observou o secretário.
Segundo Camargo Neto, a agricultura seria a via para o desenvolvimento regional em decorrência do perfil da América do Sul. No entanto, a falta de visão dos norte-americanos impede que o tema seja tratado de forma a beneficiar os países da área. “Os Estados Unidos insistem em não tratar da questão de subsídios agrícolas. Será difícil melhorar a economia regional desta forma”, afirmou.
Para ele, a postura dos Estados Unidos na negociação é apenas retórica. Washington defende o livre comércio como o melhor instrumento para exterminar a pobreza na América Latina. Mas nem em nome do desenvolvimento econômico regional eles são capazes de ceder. “Eles podem fazer concessões, mas não querem saber de dar nada”, afirmou.
As negociações comerciais para a Alca começam efetivamente em 15 de julho do ano que vem, quando os países, de posse de ofertas e demandas, discutem o trade off. Os Estados Unidos insistem que só tratarão da questão dos subsídios agrícolas na Organização Mundial do Comércio (OMC).