Nova York 

– Enquanto, no Brasil, o governo eleito admite que a saída para Varig pode ser a venda a estrangeiros da maior empresa aérea nacional, nos EUA uma palavra impensável na economia norte-americana foi dita, na semana passada, pela presidente da associação de empresas do setor de aviação: estatização. Carol B. Hallett, que preside a Air Transport Association (ATA), disse que, se os problemas do setor não forem resolvidos logo, talvez o controle das empresas aéreas norte-americanas pelo governo dos EUA seja a única saída.

Além dos problemas que foram agravados pelos atentados do ano passado ? queda na demanda e aumento nos custos ? os gastos relativos à segurança dos transportes aéreos, estimados em US$ 10 bilhões, poderão destruir as empresas.

? Nós teremos falhado na sustentação de um sistema que representa 40% da aviação comercial mundial e que serve de base para 25% da economia mundial ? disse a presidente da ATA.

Antes de 11 de setembro de 2001, a indústria americana já vinha sofrendo, devido a uma combinação de aumento de custos (entre impostos crescentes, mais encargos trabalhistas, preço de combustível e incremento nas taxas dos aeroportos) e queda na receita (com redução nas viagens de negócios, diminuição nas tarifas e menor número de passageiros, devido à desaceleração econômica dos EUA).

O surgimento de empresas especializadas em descontos, como a JetBlue, são um problema a mais.

? Executivos estão pagando quatro vezes mais que o resto das pessoas na aeronave e estão cheios disso ? disse Dan P. Garton, vice-presidente de marketing da AMR Corporation, a proprietária da American Airlines.

Crise

Depois dos atentados e das medidas de segurança adotadas nos aeroportos, a indústria se viu na pior crise da história da aviação comercial dos EUA. Menos gente voando significa concordatas, com rotas suspensas, aviões parados, cancelamento de renovação de frota, demissões em massa. Em agosto deste ano, o U.S. Airways Group, em sétimo lugar na listas das dez maiores empresas, entrou em concordata. A United Airlines, cuja empresa-mãe é a segunda maior do país, está próxima da bancarrota. Desde 11 de setembro do ano passado, a UAL, que controla a United, cortou 4.800 comissários de bordo.

Campanhas para redução de custos e aumento de produtividade estão sendo empregadas em regime de urgência. O governo vem fazendo o que pode. O Congresso aprovou empréstimo de US$ 10 bilhões para a indústria e concessões de US$ 5 bilhões. Mas o dinheiro, além de ser insuficiente, não sai de mão-beijada. Requer contrapartida das empresas em maiores dificuldades, que devem apresentar planos de reestruturação dos negócios. Para a United receber US$ 1,8 bilhões, a empresa precisa cortar custos, algo que não deverá acontecer, em função de as negociações trabalhistas com os mecânicos da empresa continuarem emperradas.

Entre as tentativas de saída do buraco do setor como um todo está a parceria na composição dos passageiros, as chamadas fusões virtuais. A United e a US Air, que no passado haviam tentado uma fusão concreta e foram impedidos pelo governo, estão combinando rotas nos sistemas de reserva. No mesmo caminho segue a Delta, que procura entrar na parceria virtual entre Continental e Northwest.

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