A Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos) aprovou a alteração no sistema de preços de alguns fundos institucionais do mercado monetário. Esses fundos investem em ativos de curto prazo considerados de boa qualidade.
Sob a nova orientação, o preço da cota dos fundos institucionais prime deve flutuar conforme o movimento do mercado, em vez de permanecer fixado em US$ 1, como atualmente ocorre. Fundos que investem em Treasuries de curto prazo e dívida de curto prazo emitida por agências do governo estão excluídas dessa nova instrução e poderão permanecer com o sistema de cotas fixadas a US$ 1. Para os fundos oferecidos a investidores individuais, o preço também continua fixo.
Os fundos institucionais prime representam cerca de 35% dos fundos do mercado monetário, indústria que movimenta cerca de US$ 2,6 trilhões, segundo dados do Investment Company Institute, e atraem principalmente grandes investidores institucionais. Esse tipo de fundo é considerado mais sujeito a riscos porque investe em dívida corporativa de curto prazo.
O regulador também permitirá que todos os fundos do mercado monetário bloqueiem a retirada de recursos pelos clientes ou imponham tarifas para a retirada quando os ativos caírem abaixo de um determinado limite.
As novas regras foram aprovadas por três votos a dois, sendo que a indústria de fundos terá dois anos para se ajustar às alterações, um período mais curto do que se esperava.
A ideia dessa mudança é minimizar o risco de uma fuga em massa dos fundos durante períodos de pânico no mercado financeiro. Com o preço flutuante, o regulador pretende lembrar os investidores que enquanto esses fundos são mais seguros que ações e muitas outras modalidades de investimentos, eles ainda carregam algum risco. A expectativa é que o preço flutuante conscientize o mercado desses riscos e acostume o investidor à flutuação dos preços.
Em 2008, durante a turbulência gerada após a quebra do Lehman Brothers, uma severa crise no Reserve Primary Fund pressionou o preço da cota para abaixo de US$ 1, alarmando os investidores. Na semana seguinte, os investidores retiraram cerca de US$ 300 bilhões dos fundos prime do mercado monetário, forçando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) a intervir e garantir temporariamente os ativos de todos os fundos do mercado monetário.
A presidente da SEC, Mary Jo White, também declarou que o regulador irá fornecer importantes novas ferramentas para ajudar a proteger os investidores e o sistema financeiro em momentos de crise.
A indústria de fundos fez lobby contra essa mudança. Ontem, ainda antes da votação da SEC, Verett Mims, tesoureira assistente da Boeing, disse que a companhia investe de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões no mercado de fundo monetário, principalmente em fundos institucionais prime. Mas, sob essa nova orientação, acrescentou, os custos e a complexidade do sistema de preços flutuantes não justificariam o investimento e provavelmente a Boeing irá alterar o portfólio para outro tipo de fundo.
Já Sheila Bair, que chefiou o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) durante a crise financeira, afirmou que a ação da SEC marca um importante passo. No entanto, ela acrescentou que seria melhor e mais simples exigir o preço flutuante para todos os fundos do mercado monetário.
A ex-presidente da SEC Mary Schapiro tentou implementar essa mudança para todos os fundos do mercado monetário em 2012, mas três dos cinco comissários da SEC se opuseram e a proposta nunca foi levada a votação. Fonte: Associated Press.