Nova York – O juiz encarregado do caso de venda da Embratel aprovou ontem a proposta da mexicana Telmex de US$ 400 milhões, alegando que a oferta da Calais tinha forte possibilidade de ser vetada pelas autoridades regulatórias brasileiras. O juiz Arthur Gonzalez, da Corte de Falências de Manhattan, refutou a reclamação da Calais de que a sua proposta de US$ 550 milhões não havia sido levada em consideração. O juiz também considerou “inteiramente justo” o processo de venda dos 52 por cento que a norte-americana MCI tem na Embratel.
Enquanto isso, as denúncias de irregularidades na venda da Embratel causaram impacto no Congresso Nacional. A Comissão de Educação do Senado aprovou ontem requerimento do seu vice-presidente, senador Hélio Costa, para uma audiência pública amanhã para discutir a denúncia de tentativa de formação de cartel das três concessionárias de telefonia fixa, Telefônica, Telemar e Brasil Telecom. Serão convidados para o debate o presidente da Anatel, Pedro Jaime Ziller, o presidente do Cade, João Grandino Rodas e o secretário de Direito Econômico do Ministéri o da Justiça, Daniel Goldberg.
Na Câmara dos Deputados, o presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PFL-SP), disse que vai propor hoje que todos os interessados na compra da Embratel prestem depoimento na comissão. Ele defendeu uma investigação rigorosa do caso, tendo em vista a importância da Embratel para o setor de telecomunicações e para o país. “Não seremos levianos de fazer qualquer tipo de acusação, mas tenho certeza que a Comissão vai convidar as pessoas envolvidas dando a elas a oportunidade de se manifestarem”, afirmou.
Kassab considerou graves as denúncias publicadas na imprensa de que pode haver cartelização no preço das tarifas do setor, depois da venda da Embratel. Segundo reportagem da “Folha de São Paulo”, a polícia encontrou documentos privados da Telefônica, uma das empresas que formam o Consórcio Calais, que apontam indícios de cartel. O deputado disse que a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara não recebeu as propostas das três maiores empresas de telefonia fixa do país – Telefônica, Telemar e Brasil Telecom – interessadas na compra da Embratel.