Na tentativa de reduzir os prejuízos decorrentes de furtos dentro dos estabelecimentos comerciais, supermercados e lojas de departamento estão investindo em novas tecnologias antifurto. Uma dessas novidades é a etiquetagem na origem, que diferencia dos demais sistemas pelo fato de o dispositivo ser colocado no produto ainda na linha de produção, embalagem ou distribuição, impedindo que seja visto ou retirado pelos clientes. A etiqueta é desmagnetizada apenas no caixa. Até agora, 25 redes do comércio varejista – entre elas o Wal-Mart, Pão de Açúcar, Lojas Americanas – já adotaram o novo sistema e 34 fabricantes – como a Philips, Monange, Epson, Nívea, Fox Filmes – aplicam a etiqueta em alguns de seus produtos.
De acordo com o presidente do Núcleo de Etiquetagem na Origem (NEO), Paulo Polesi, os furtos dentro dos estabelecimentos no varejo brasileiro respondem por 2,4% do faturamento. ?É um índice muito elevado. Na China, por exemplo, é de 0,10%, enquanto no México e Canadá, 1,70%?, comparou. Segundo Polesi, com o novo dispositivo, a meta é reduzir os furtos para 1,5% até o final deste ano.
Entre os itens mais visados estão protetores solares, eletroeletrônicos portáteis, CDs e DVDs, bebidas alcoólicas, pilhas, aparelhos de barbear e cigarros. Para chegar ao resultado, o NEO levantou, entre os meses de janeiro e abril desse ano, os 150 produtos mais furtados nas lojas de redes como o Pão de Açúcar e Lojas Americanas. ?Os itens mais visados pelos ladrões são os de maior valor, tamanho reduzido e facilidade de revenda no mercado paralelo, como bebidas importadas, eletroeletrônicos, protetores solares, pilhas e aparelhos de barbear?, afirmou Polesi. Produtos menos comuns também estão na mira dos meliantes. ?Estão sob risco até mesmo produtos inusitados, como azeite e bacalhau?, ressaltou o presidente do NEO.
Segundo Polesi, a etiquetagem é feita através de parceria entre a indústria e o comércio varejista. ?Cada etiqueta custa para a indústria entre R$ 0,12 e R$ 0,15, mas este acréscimo não reflete no preço final do produto?, garantiu, explicando que a escala de produção é capaz de diluir tal custo. ?O custo da etiqueta acaba se depreciando.? Em contrapartida, afirmou, o comércio garante a colocação desses produtos etiquetados em locais estratégicos. ?Loções da Nívea e Johnsonn & Johnsonn, por exemplo, ficavam em armários fechados, devido ao alto risco de furto. Agora, eles estão mais visíveis nas lojas?, apontou. Em outras palavras, a indústria ganha porque terá seus produtos expostos de maneira mais agressiva, enquanto o comércio reduz as perdas com furtos. ?O benefício é mútuo?, garante Polesi. Para o varejo, o sistema antifurto pode custar a partir de R$ 150 mil.
Entre os produtos que já contam com a etiquetagem na origem, o presidente do NEO cita o protetor solar da Nívea e Johnsonn & Johnsonn, esmalte da Monange, relógios da Speedo, DVD portátil da Philips, cartuchos de impressora da Epson, DVDs da Fox Filmes, prancha de cabelo da Taiff. Não significa, porém, que eles estejam etiquetados em todos os estabelecimentos – a adoção do procedimento depende da parceria com as lojas e supermercados. ?Atualmente, estamos com 34 fornecedores, mas queremos chegar a cem até o final do ano. Também queremos ampliar o número de varejistas (hoje são 25)?, arrematou Polesi.