Ao fazer um balanço do 11º dia de mobilização dos caminhoneiros no País, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, comemorou a situação nas estradas dizendo que “o Brasil está rodando e voando normalmente”. Segundo ele, “as concentrações estão reduzindo, os caminhões voltaram a circular e as estradas continuam monitoradas”. E avisou que “o governo não vai se desmobilizar enquanto houver uma bomba de combustível ou determinado evento que tenha de ser fiscalizado”.
O ministro reconhece que ainda existe problema no abastecimento, mas não quis prever quando se poderá dizer que a normalidade foi restabelecida.
Menos otimista, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que “não podemos ainda comemorar o fim do movimento”. Mas o chefe do Estado Maior das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, declarou que “está terminando a gigantesca logística de emergência jamais realizada no País” e que hoje ainda existem postos com restrição de abastecimento justificando que isso aconteceu porque o governo “priorizou garantir óleo diesel e querosene de aviação”.
Na coletiva, o ministro Etchegoyen anunciou que a Polícia Federal executou a prisão preventiva por locaute do primeiro empresário do setor de transporte, ocorrida no Rio Grande do Sul. Disse que houve também busca e apreensão na casa dele, mas evitou dar mais detalhes sobre o caso, alegando que a investigação corre em sigilo. Até a quarta-feira, 30, 54 empresários já estavam sendo investigados pela PF por locaute e atos de sabotagem.
Etchegoyen disse ainda que os atos de vandalismo e agressão contra caminhoneiros também estão sendo investigados e que já foi preso o suspeito principal da morte do motorista José Batistela, que foi atingido com uma pedrada na cabeça. Outras quatro pessoas envolvidas em episódios de depredação em Rondônia também foram presas. O ministro não quis precisar se eles têm ligação com algum tipo de grupo político-partidário e citou que toda essa mobilização tem ocorrido de forma horizontal, usando principalmente as redes sociais, que citou como sendo “sindicalismo de redes”, como batizou o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann.
“Da mesma forma que o movimento foi horizontal, não acreditamos na coordenação de uma mão invisível”, comentou ele, insistindo que tudo está sendo investigado. Para Etchegoyen não há identificação de um perfil dos infiltrados ou nome de instituição ou partido porque tudo é muito disperso.
O ministro do GSI reconheceu que o abastecimento ainda não é de 100% , mas o governo conseguiu “evitar o desabastecimento ao nível crítico que trouxesse prejuízo adicional à população”. “Temos de comemorar”, resumiu ele, justificando, no entanto, que a mobilização do governo não tem prazo para a acabar. Segundo ele, enquanto houver uma bomba para ser abastecida e qualquer sinal de mobilização, o governo estará atento.
Na entrevista, todos os representantes do governo fizeram questão de celebrar o fato de as autoridades terem agido “com energia”, mas sem qualquer “foco de exacerbação”. Segundo ele, “os órgãos de segurança atuaram com energia e empregando poder coercitivo, mas em qualquer momento tivemos atos de violência (praticados pelas forças federais)”.
O ministro Etchegoyen disse ainda que “o governo exigirá, com muita energia, o cumprimento do acordo com os caminhoneiros” e que, “a partir de agora o governo coloca em funcionamento toda a sua estrutura de fiscalização para que aquilo que foi acordado com os caminhoneiros, seja efetivamente implantado”.
O representante do Ministério da Justiça, Claudemir Brito Pereira, por sua vez, lembrou que existem mais de 40 mil postos de combustíveis no País e que a população pode cooperar com a fiscalização, denunciando.
Uma nova reunião de balanço será realizada no Palácio do Planalto à tarde.