O preço dos combustíveis, principalmente do etanol, disparou nas últimas semanas. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), divulgado na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o derivado da cana ficou 8% mais caro e a gasolina, 2,5%, em Curitiba, entre 14 de julho e 13 de agosto.
Já a última pesquisa da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) constatou que o etanol passou de R$ 1,362 para R$ 1,495 e a gasolina, de R$ 2,402 para R$ 2,488 em quatro semanas, no Paraná.
A notícia ruim é que a chance de baixa, nos próximos meses, é pequena: o bom mercado internacional do açúcar e a proximidade do período de entressafra da cana podem fazer com que os preços até continuem subindo.
Pela última pesquisa da ANP, o aumento no etanol no Paraná é ainda maior que o calculado pelo IPCA-15, chegando a quase 10% na comparação dos preços cobrados entre 18 e 24 de julho e 8 e 14 de agosto.
Em Curitiba, a variação foi ainda maior: 13,5%, resultado da diferença entre a média mais antiga, de R$ 1,287 por litro, e a mais recente, de R$ 1,461. Se considerados os preços mais comuns encontrados nos últimos dias – R$ 1,499 é um dos valores mais frequentes -, pode-se constatar que a tendência de alta continuou.
Vinculada em parte ao preço do etanol, já que tem adição de 25% do produto em sua composição, a gasolina também passou por aumentos significativos, em quatro semanas, segundo os dados da ANP. No Paraná, o litro do produto aumentou 3,5%. Em Curitiba, onde os preços saíram de R$ 2,353 para R$ 2,465, a variação chegou a quase 5%.
Os aumentos não têm preocupado apenas os motoristas, mas também os donos de postos, que reclamam por terem que trabalhar com margens cada vez mais apertadas.
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Paraná (Sindicombustiveis-PR), Roberto Fregonese, só da última semana para esta, os distribuidores, que cobravam R$ 1,36 pelo litro do etanol, reajustaram seus preços para R$ 1,39.
Usinas
Mas se os aumentos não estão só nas bombas, também não vêm apenas dos distribuidores. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Universidade de São Paulo (USP), mostram grandes variações nos preços cobrados pelas usinas.
A cotação mais baixa dos últimos meses para o etanol hidratado (o vendido nos postos) foi a da semana encerrada em 11 de junho: R$ 0,7020 por litro. A última, de 20 de agosto, é 19% maior: R$ 0,8359.
No etanol anidro, que é adicionado à gasolina, o valor de 11 de junho, de R$ 0,8023 por litro, estava 20% maior no final da semana passada, quando era de R$ 0,9652.
“Gostemos ou não, estamos trabalhando com um produto agrícola, uma commodity”, lembra Fregonese, explicando que, em plena safra de cana, o açúcar, a exemplo do ano passado, atingiu cotações “espetaculares” no mercado internacional. “É isso que está provocando essa alta fora de época no etanol”, conclui.
Para ele, apesar da safra atual ser maior que a do ano passado, é importante que o mercado garanta um estoque grande de etanol para a entressafra, que começa em novembro, para que a oferta não fique tão baixa a ponto de explodir de vez os preços. “O desafio é chegar até lá com os preços estáveis, pelo menos”, diz. Por enquanto, a tendência, infelizmente, é de mais altas.