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Etanol em Curitiba deixa de ter preço competitivo em época de feriado

Quem faz conta antes de abastecer em Curitiba, já notou que na relação etanol/gasolina, o combustível derivado da cana deixou de ser viável, ultrapassando o limite de 0,70. Em menos de uma semana, o preço do litro estampado na bomba de postos de diferentes bandeiras subiu, em média, R$ 0,10. E, nesta quarta-feira (22), véspera de feriado de Corpus Christi, valores de R$ 1,869 a R$ 1,939 para o litro do etanol, eram comuns na região central de Curitiba.

Pelo acompanhamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a média na capital, dentre 94 postos pesquisados, está em R$ 1,706, sendo que o preço máximo observado já havia cruzado o patamar de R$ 2, atingindo R$ 2,29. Da parte das distribuidoras a pressão nos preços se deu na mesma proporção e, segundo a ANP, houve quem negociasse o litro do etanol por até R$ 1,904. A tendência de alta, porém, não se encerrará com este feriado. Funcionários de postos apostam em novos reajustes para a próxima semana.

O governo federal, ciente disso, anunciou nesta quarta-feira que irá tomar algumas medidas como a retirada do incentivo para o açúcar, linhas específicas de financiamento para os produtores de cana e até o investimento em estoques reguladores. Contudo, no que abrange o setor sucroalcooleiro, tais resoluções, só poderão surtir efeitos concretos a partir da safra 2013/2014. “Deveria ter se pensado nisso há dois anos, quando o custo de produção da cana inviabilizou novos investimentos por parte do produtor. Com isso, desde 2008, a produção de etanol está estagnada, ao mesmo tempo em que as vendas de carros flex, cresceram de 10% a 12% ao ano”, aponta o superintendente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), José Adriano da Silva Dias.

O cenário é altista, para o coordenador do setor sucroalcooleiro da Secretaria de Estado da Agricultura de do Abastecimento (Seab), Disonei Zampieri. “Supervalorização do açúcar, recordes de vendas de carros flex e os problemas com clima na safra anterior afetaram e devem afetar ainda mais o preço do combustível”, explica. “A demanda por etanol no mercado interno está tão aquecida, que nem a importação de 400 milhões de litros de etanol de milho dos Estados Unidos consegue derrubar os preços”, acrescenta Zampieri. Segundo ele, medidas como a formação de estoques de 30 dias para o etanol, só poderão ser viáveis se forem custeadas pelo poder público. “O custo financeiro da manutenção dos estoques é muito alto para o empresário, seja da distribuidora, seja da usina, bancar”, avalia.

A falta de solução para o preço do etanol já se reflete na expectativa dos funcionários de postos. “Só Deus sabe como ficará na semana que vem, mas tudo indica que haverá mais alta”, afirma o frentista Israel Antônio Alves. “Em plena safra estamos com esse preço, o consumidor vai reclamar”, prevê a caixa do Auto Posto Via Jardim, Adriana Algarde. “Diante desses preços, o motorista começa a pôr o pé no freio, para não desperdiçar combustível”, complementa o gerente de pista do Auto Posto Pérola, Ronaldo José dos Santos.

O gerente operacional do Posto Cristo Rei, Sérgio José Marques, que na entressafra chegou a suspender a venda do etanol por 15 dias, pensa em adotar novamente a medida caso o valor do etanol aumente ainda mais. “Ninguém compra com o valor muito além dos R$ 2”, atesta. Ele conta que adotou uma maneira de atrair clientes e contemplar os consumidores com valores mais amenos. “Toda terça-feira, tem promoção no valor da gasolina e do etanol. Baixo minha margem para R$ 0,05, a fim de vender na quantidade”, destaca. Segundo ele, o movimento na terça-feira cresce em 60% por conta dos valores mais competitivos.

Gerson Klaina/O Estado
Na contramão das sucessivas altas do Etanol, caldo de cana continua com o mesmo preço. Duzia da cana-de-açúcar em 2010 era comprada por Reginaldo Gomes a R$ 14, já está custando R$ 20.

 

Litro com preço estável até outubro, por conta da demanda fraca

Subproduto da cana-de-açúcar, o caldo de cana está na contramão das sucessivas altas da matéria-prima. Segundo os vendedores autônomos, a dúzia de cana que, em 2010 era adquirida por R$ 14, neste ano saltou para R$ 20. Contudo, o aumento ainda não foi repassado para os apreciadores da bebida. “É baixa temporada. Se eu aumentar agora, não vendo”, explica o vendedor Reginaldo Gomes, que comercializa o copo por R$ 2,00 e o litro por R$ 6. Segundo ele, enquanto no Verão se vende de 100 a 150 copos por dia, no inverno, a média cai para 40. “Só poderei aumentar em outubro. Mas, ao que tudo indica, vai subir bem o valor”, avisa.

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