Entressafra

Etanol deixa de ser competitivo no Estado

A exemplo do que já vinha ocorrendo no País há algumas semanas, o preço do litro do álcool combustível (etanol) em Curitiba começou a semana, em boa parte dos postos, próximo de R$ 1,80.

Com o valor do litro da gasolina oscilando na faixa de R$ 2,55, abastecer o carro flex com etanol deixou de ser vantajoso na capital, já que seu valor ultrapassa os 70% do derivado de petróleo.

O recente aumento é explicado pela escassez do produto no mercado: enquanto as vendas vêm sendo altas, o período de entressafra deixa os estoques de etanol no limite.

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Paraná (Sindicombustiveis-PR), Roberto Fregonese, a escalada de preços do etanol já vinha sendo percebida desde o começo de dezembro.

Porém, foi na semana passada que os valores deram o maior salto, aumentando, segundo ele, R$ 0,16 por litro nas distribuidoras, e fazendo postos terem que pagar mais de R$ 1,70 pelo produto.

A própria gasolina também aumentou, já que o etanol anidro, que é misturado ao combustível na proporção de 25%, subiu R$ 0,07. “Está faltando álcool no mercado”, afirma Fregonese.

“Diversos postos ficaram sem o produto na virada do ano. Fizeram os pedidos, mas não receberam”, completa. Para ele, a solução para o problema, ao menos enquanto os produtores não voltarem a moer cana, em meados de março, tem que partir do governo federal: “Tem que diminuir a quantidade de álcool [anidro] na gasolina. É inevitável que se diminua a porcentagem para 20%. Só dessa forma se pode interromper essa escalada de preços”, sugere.

Segundo Fregonese, o Paraná era um dos últimos estados em que abastecer os carros com álcool valia mais a pena do que com gasolina, porque é um Estado produtor. “Isso facilita. Mas chega um momento que não tem mais como segurar, já que a procura é alta”, explica.

Como resultado, ele afirma que o consumo de gasolina já aumentou: “Na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), aumentaram os pedidos de gasolina de dezembro para cá”, diz.

O presidente do Sindicombustíveis-PR também lembra que, nos últimos 10 dias, chegaram a acontecer problemas de abastecimento que obrigaram a refinaria a contingenciar o produto, entregando menos combustível do que as distribuidoras pediam.

O problema, conta ele, foi agravado por uma mudança de especificação na gasolina, estabelecida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no último mês, que obrigou a Petrobras a reciclar o que já havia sido produzido, para que o produto atendesse às novas normas.

Maiores oscilações no preço do etanol no Paraná já vinham sendo previstas há algumas semanas. Em dezembro, o presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), Anísio Tormena, afirmou que os preços devem continuar instáveis pelo menos até abril ou maio por enquanto, a época não é boa para a moagem de cana, que não está suficientemente madura.

Reajuste do GLP

A Petrobras confirmou ontem o reajuste no preço do gás liquefeito de petróleo (GLP, o gás de cozinha) para uso comercial e industrial. Segundo a estatal, incluindo impostos, a alta será de 6,6%.

Os novos valores entraram em vigor à zero hora de hoje e não serão válidos para botijões de 13 quilos ou menores (de uso residencial) – cujos preços estão estáveis desde dezembro de 2002, segundo política governamental. Ou seja, o reajuste é válido para botijões grandes, de 45 ou 90 quilos, ou GLP entregue em caminhões.

Segundo o Sindicato das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás), o gás vendido a granel no País – geralmente destinado a grandes con,domínios, indústria e comércio em botijões maiores ou tanques – custa hoje entre 14% e 15% a mais do que o preço do produto importado.

As distribuidoras reclamam que a diferença de preços entre o gás a granel e o vendido para residências, que chega a 50%, pode abrir espaço para fraudes, com a substituição de botijões de 45 quilos ou 90 quilos por baterias de botijões de 13 quilos.

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