O ministro da Justiça, Tarso Genro, voltou a dizer hoje que há um estudo no governo sobre a participação dos trabalhadores nos lucros das empresas e confirmou que sua pasta coordenou um grupo de trabalho sobre o assunto. O resultado foi “devolvido” ao Ministério do Trabalho, que continuará a discussão com a sociedade, ouvindo sindicalistas e empresários, explicou Tarso, em entrevista no Acampamento Intercontinental da Juventude, uma atividade tradicional do Fórum Social Mundial (FSM).
Tarso observou que a atribuição de sua pasta foi auxiliar no processo. “O nosso trabalho foi de solidariedade a um apelo do Ministério do Trabalho para que nós compartilhássemos de uma discussão sobre novas tutelas”, afirmou. Por isso, o ministro evitou emitir posição sobre as propostas. “Então, não sou eu que falo sobre isso e nem é uma iniciativa do Ministério da Justiça”, reforçou. Ele também reiterou que não há posição no governo sobre o assunto.
“O que há é um estudo, feito pelo Ministério do Trabalho, que pediu que nós coordenássemos”, acrescentou. Questionado sobre se defende a proposta de exigir a distribuição de 5% dos lucros, Tarso respondeu que não assumiu nenhuma posição pessoal sobre a questão nem o Ministério da Justiça. A proposta foi divulgada ontem, durante uma atividade paralela ao Fórum Social Mundial, na capital gaúcha. Na atividade, um folder apresentou a proposta de participação nos lucros junto com outras nove sugestões formuladas pela Comissão de Alto Nível do Direito do Trabalho, subordinada ao Ministério da Justiça e presidida por Rogério Favreto, secretário de Reforma do Judiciário.
O ministro também abordou sua provável saída do cargo em fevereiro para se dedicar à campanha ao governo do Rio Grande do Sul. Tarso disse que não foi fixada uma data, mas esperava o ato realizado ontem de lançamento do “Bolsa Copa” e “Bolsa Olimpíada” para definir o prazo. Questionado sobre se este foi seu último ato como ministro, Tarso disse que ainda acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento do programa Território da Paz em São Bernardo do Campo (SP). “Depois, o presidente vai me dizer a data que ele prefere.”
Tarso discursou para jovens acampados na região rural de Novo Hamburgo, a 40 quilômetros de Porto Alegre. Em edições anteriores do FSM em Porto Alegre, o acampamento foi instalado na capital, em áreas próximas ao lago formado pelo Rio Guaiba.
Em um trecho político do discurso, o ministro disse que a capacidade de articular pluralidades em uma única centralidade está refletida no governo Lula. “Isso é um pouco doloroso para a direita e para o neoliberalismo”, declarou. “Não estou defendendo que o governo do presidente Lula é de esquerda”, analisou, ao classificá-lo de “centro-esquerda”, mas que agrega forças “díspares em cima de um determinado objetivo concreto”.