Estudo liga PIB baixo a recuo na taxa de participação

Estudo da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia da Universidade de São Paulo (Fundace/USP) aponta que a taxa de desemprego no Brasil só chegou aos níveis mais baixos da história por conta da queda na taxa de participação – relação entre as pessoas que estão no mercado de trabalho sobre o total de pessoas em idade de trabalhar.

O levantamento, obtido pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, aponta que, se taxa de participação permanecesse constante, haveria variações superiores a dois pontos porcentuais na taxa de desemprego no País. Isso explicaria, ainda, como a taxa de desemprego segue em queda mesmo com o baixo crescimento da economia brasileira.

O estudo cruzou dados das taxas de ocupação e de desemprego do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) com a taxa de participação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) entre 1995 e 2012. Os pesquisadores só não conseguiram comparar os dados de 2013 e 2014 por conta da mudança da metodologia da Pnad.

“Só poderemos comparar quando houver uma série maior da Pnad. Mas, como a criação de emprego perdeu força desde 2013, provavelmente os dados apontariam um cenário semelhante, com o desemprego maior que o medido”, explicou Luciano Nakabashi, professor doutor da USP e coordenador da pesquisa pela Fundace.

Para fundamentar a tese, a pesquisa fez um recorte no tempo entre 2009, ano do início da crise internacional, quando o desemprego atingiu 8,41%, e 2012, quando a taxa foi 6,32%, ou seja, um recuo 2,09 pontos percentuais. Nos mesmos anos, a taxa de participação recuou de 62,07% para 59,83%. No entanto, se esse indicador permanecesse estável em 62,07% entre 2009 e 2012, a taxa de desemprego em 2012 seria de 8,56%, ou 2,24 pontos porcentuais superior à oficial.

“Considerando a taxa de participação e a taxa de desemprego de 2008, o ano pré-crise no Brasil, a taxa de desemprego teria passado de 7,24% para 8,46%, o que corresponde a uma elevação de 16,80%”, informa o documento.

Os pesquisadores acreditam que o crescimento pequeno do País e a menor oferta de mão de obra levaram desempregados a simplesmente parar de procurar emprego. Esses trabalhadores deixaram de ser contabilizados na taxa de participação, o que puxou para baixo o indicador e, consequentemente, a taxa de desemprego. “Essa redução recente na taxa de desemprego é uma ilusão e não reflete o que acontece. Temos a intuição de que, pela piora do mercado, muita gente deixou de procurar trabalho”, afirmou Nakabashi.

Estudos à parte, a taxa de desemprego segue em queda no País, assim como o Produto Interno Bruto (PIB). Em abril, a taxa de desemprego ficou em 4,9%, o menor nível para o mês desde o início da Pesquisa Mensal de Emprego, apurada desde 2002 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a Pnad Contínua, também do IBGE, a taxa do primeiro trimestre de 2014 ficou em 7,1%.

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