Os preços no mercado brasileiro são reajustados em um período médio de 2,7 meses a 3,8 meses. A conclusão faz parte de estudo elaborado pela economista do Banco Central, Solange Gouvêa. O levantamento foi feito com base em séries de cotações de preços usadas para cálculo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fundação Getúlio Vargas, no período de 1996 a 2006.
Ainda de acordo com a mesma análise, que usou como base original as cotações de preços de aproximadamente 180 mil diferentes itens, em média, 37% do total de preços são reajustados mensalmente, porcentual acima do registrado em pesquisas do mesmo tipo nos mercados dos Estados Unidos (26,1%) e Europa (15 3%). "Os resultados mostram que os preços no Brasil são mais flexíveis", disse a economista, considerando que o País é mais sujeito a choques do que os mercados norte-americano e europeu.
Ela observou que outro fator interessante do estudo é o de comprovar a heterogeneidade dos patamares de reajustes em diferentes setores. Em palestra durante o IX Seminário Anual de Metas para Inflação, que se realiza hoje no Banco Central, a economista usou como exemplo o setor de alimentos processados, que normalmente trabalha com um mês de intervalo de reajuste de preços. "É um setor sujeito a choques. Tem uma política de reajustes de preços particular", afirmou.
Outra conclusão do estudo é de que a maioria dos formuladores de preços promovem reajustes quase sempre acima da inflação do período. Na avaliação da estudiosa, levantamentos como esse são importantes para mensurar a ligação entre a persistência inflacionária e a rigidez de preços.