Estrangeiros mostram confiança no Brasil

A entrada de investimentos estrangeiros no País cresceu mais de 100% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre janeiro e junho, esses recursos somaram US$ 8,566 bilhões, um aumento de 111,8% sobre o primeiro semestre de 2004 (US$ 4,045 bilhões). Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central.

Esses investimentos são importantes para sustentar a retomada do crescimento econômico. Eles ajudam a ampliar a capacidade das empresas de ofertarem bens e serviços. Com maior capacidade de produção, cai o risco de a inflação sair do controle.

O BC prevê que os investimentos estrangeiros irão somar US$ 16 bilhões em 2005. No ano passado, o Brasil recebeu US$ 18,166 bilhões em investimentos estrangeiros diretos. Colaborou para o resultado do ano o ingresso de US$ 1,328 bilhão ocorrido em junho, uma queda de 80% sobre junho do ano passado.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, espera que neste mês os investimentos somem US$ 1,5 bilhão. Neste mês, até hoje, entraram no país US$ 1,2 bilhão. Já a conta de transações correntes, que representa as principais transações do país com o exterior na área comercial e na contratação de serviços e transferência de renda, teve um superávit de US$ 5,284 bilhões no semestre, um aumento de 19,7% sobre o mesmo período do ano passado.

No mês passado, o superávit foi de US$ 1,252 bilhão. Contribuiu para esse resultado o saldo positivo de US$ 4,03 bilhões da balança comercial, que serviu para cobrir o déficit de US$ 3,069 bilhões da conta de serviços e rendas. No mês passado, as transferências unilaterais, que também fazem parte da conta de transações correntes, foi de US$ 291 milhões.

A previsão é que neste mês o saldo fique positivo em US$ 1,2 bilhão.

O balanço de pagamentos está superavitário em US$ 9,632 bilhões no ano. O balanço inclui o resultado das transações correntes mais a conta capital e financeira, que representa as operações financeiras do país com o exterior, e o ingresso de investimentos estrangeiros. No mês passado, no entanto, ficou negativo em US$ 431 milhões.

Brasileiro gasta 66% mais no exterior

O gasto dos turistas brasileiros no exterior subiu 66% no primeiro semestre do ano e chegou a US$ 2,088 bilhões. Já os turistas estrangeiros gastaram US$ 1,868 bilhão no Brasil, 15% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado. Com isso, o saldo na conta de viagens está negativo em US$ 220 milhões entre janeiro e junho.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o déficit nesta conta está maior por conta do aumento da renda e da valorização do real frente ao dólar. ?Isso tem contribuído para o retorno do turista brasileiro ao exterior.?

Lopes lembra ainda que julho é um mês de férias e que parte desses gastos terá impacto no resultado de agosto por conta dos pagamentos que são feitos por cartão de crédito.

Em junho, os turistas brasileiros gastaram US$ 468 milhões em viagens de turismo e negócios, um aumento de 88,7% em relação ao mesmo mês de 2004.

Os gastos de turistas estrangeiros no País também apresentam alta, mas em um ritmo menor, 14,1% para US$ 275 milhões.

Como os brasileiros estão gastando mais lá fora, o saldo na conta de viagens ficou negativo em US$ 194 milhões em junho. Em julho até o dia 25, o saldo está negativo em US$ 142 milhões.

A previsão do BC é que essa conta termine o ano negativa em US$ 200 milhões. No entanto, esse número poderá ser revisto para cima.

?Isso deve ser revisto. Não há expectativa de reversão (do quadro de gastos brasileiros no exterior)?, disse Lopes.

Reservas em dólar caem US$ 824 milhões

As reservas internacionais brasileiras perderam US$ 824 milhões no mês de junho. A queda é resultado do pagamento adiantado, feito pelo Banco Central, da dívida de US$ 1,672 bilhão com o Fundo Monetário Internacional (FMI). As reservas também caíram pelo pagamento de US$ 105 milhões de remuneração das reservas mais US$ 159 milhões de despesas com juros e bonificações. No mesmo mês, as reservas só foram aumentadas pela captação de US$ 1,1 bilhão em bônus da República.

Os números constam do relatório sobre Setor Externo, referente a junho, divulgado ontem pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. Ele revelou, também, que houve redução de US$ 2,065 bilhões na dívida externa brasileira, que vem caindo sistematicamente desde 2003.

Os números consolidados são relativos ao mês de abril, quando a dívida fechou em US$ 199,857 bilhões, ante US$ 201,922 bilhões em março. Do total, US$ 179,622 bilhões são compromissos de médio e longo prazos, e US$ 20,235 bilhões se referem ao endividamento de curto prazo, de responsabilidade da rede bancária.

Da dívida de médio e longo prazos, US$ 113,597 bilhões são compromissos do setor público não-financeiro, e o restante é dívida dos bancos públicos e privados. Além disso, o BC registra, ainda, os empréstimos intercompanhias no valor de US$ 19,934 bilhões.

Em abril, o setor público não-financeiro pagou US$ 930 milhões de bônus ?Bradies? e mais US$ 150 milhões de bônus de empresas estatais estaduais, relativos à dívida de médio e longo prazos, enquanto o setor privado desembolsou US$ 800 milhões. Enquanto isso, os US$ 225 milhões de redução da dívida de curto prazo foram obrigações dos bancos comerciais em moeda estrangeira.

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