O saldo de investimentos estrangeiros diretos no Brasil atingiu em maio US$ 711 milhões, ante US$ 207 milhões no mesmo mês do ano passado. No ano, esses investimentos somam US$ 7,238 bilhões. Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central. Neste mês, até ontem, o Brasil já recebeu US$ 850 milhões em investimentos. A previsão para junho, segundo Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC, é que o montante suba para US$ 1,2 bilhão.
A autoridade monetária espera que os investimentos estrangeiros no País cheguem a US$ 16 bilhões em 2005. No ano passado, o Brasil recebeu US$ 18,166 bilhões em investimentos estrangeiros diretos, um crescimento de 79,1% sobre 2003 (US$ 10,144 bilhões).
O aumento dos investimentos é necessário para sustentar a retomada do crescimento econômico. Sem isso, o aumento da demanda gerado pela expansão poderia superar a capacidade das empresas de ofertarem bens e serviços, resultando em aumento da inflação.
Já os investimentos brasileiros no exterior somaram US$ 672 milhões no mês passado e, no ano, US$ 1,550 bilhão.
Contas externas
A conta de transações correntes do Brasil registrou um superávit de US$ 615 milhões em maio. Para junho, a previsão é de um saldo positivo de US$ 1 bilhão.
Essa conta representa as principais transações do País com o exterior na área comercial e na contratação de serviços e transferência de renda.
Mais uma vez, o superávit comercial – saldo positivo entre as exportações e importações – contribuiu para o desempenho positivo das contas externas brasileiras, com um saldo positivo de US$ 3,452 bilhões em maio.
O saldo da balança comercial foi suficiente para cobrir o déficit da conta de serviços e rendas do País, que ficou deficitária no mês em US$ 3,149 bilhões. A conta de transações correntes ainda inclui as transferências unilaterais de brasileiros que moram no exterior, que no mês somaram US$ 312 milhões.
No ano, as transações correntes acumulam um superávit de US$ 4,065 bilhões.
O balanço de pagamentos foi superavitário em US$ 178 milhões. O balanço inclui o resultado das transações correntes mais a conta capital e financeira, que representa as operações financeiras do País com o exterior, e o ingresso de investimentos estrangeiros. A conta de capital ficou negativa em US$ 189 milhões.
No ano, o balanço de pagamentos está positivo em US$ 10,063 bilhões. No mesmo período do ano passado, o saldo estava superavitário em US$ 2,183 bilhões.
Dívida
A dívida externa brasileira no final do primeiro trimestre somava US$ 202 bilhões, um aumento de US$ 548 milhões em relação a dezembro. Desse total, a maior parte se refere à dívida de médio e longo prazos – US$ 181 bilhões. A de curto prazo somava US$ 20 bilhões.
No trimestre, os destaques na variação da dívida externa foram as captações externas ocorridas no período, como o lançamento do bônus Euro 15 (US$ 652 milhões), do Global 25 (US$ 1,25 bilhão) e do Global 15 (US$ 1 bilhão).
Sobre as amortizações, houve pagamentos de US$ 176 milhões ao Clube de Paris, de US$ 253 milhões para o Bird (Banco Mundial) e de US$ 1,17 bilhão ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
Ainda de acordo com o BC, a variação cambial do período contribuiu para uma redução de US$ 2 bilhões da dívida de médio e longo prazos.
Brasileiro gasta mais em viagens ao exterior
A baixa cotação do dólar e a melhora do nível de renda são os dois fatores que têm contribuído para o aumento de gastos de turistas brasileiros no exterior. A avaliação é do chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.
Entre janeiro e maio, os gastos de brasileiros que vão para fora do País a turismo ou a negócios somaram US$ 1,620 bilhão, contra US$ 1,007 bilhão no mesmo período do ano passado, um crescimento de 60,9%. Só no mês passado os turistas brasileiros gastaram US$ 424 milhões, um aumento de 135,6% em relação ao mesmo mês de 2004.
Só no mês de maio a valorização do real frente ao dólar foi de 4,74%.
Os gastos de turistas estrangeiros no País também apresentam alta, mas em um ritmo menor.
Nos cinco primeiros meses do ano, as receitas geradas por esses turistas somaram US$ 1,594 bilhão, um crescimento de 15,2% sobre o mesmo período de 2004 (US$ 1,384 bilhão). Em maio, os turistas estrangeiros deixaram no Brasil US$ 292 milhões, um aumento de 14,5%.
Como os brasileiros estão gastando mais lá fora, o saldo na conta de viagens ficou negativo em US$ 133 milhões em maio. No ano, o déficit está em US$ 26 milhões.
Neste mês, até o dia 21, o saldo está negativo em US$ 137 milhões.
BC altera previsões para contas externas
O Banco Central alterou neste mês as principais previsões para as contas externas brasileiras. A projeção para a conta de transações correntes – que representa as principais transações do País com o exterior na área comercial e na contratação de serviços e transferência de renda – passou de US$ 2,1 bilhões para US$ 4,6 bilhões. No ano, entre janeiro e maio, essa conta está positiva em US$ 4,065 bilhões.
Essa revisão foi necessária porque o BC aumentou a projeção de exportações para o ano de US$ 105 bilhões para US$ 108 bilhões. A expectativa da autoridade monetária é mais conservadora do que a do Ministério do Desenvolvimento, que prevê que neste ano o Brasil irá exportar US$ 112 bilhões.
A projeção de importações foi mantida em US$ 78 bilhões. Com isso, o superávit comercial – saldo positivo entre exportações e importações – previsto pelo BC subiu para US$ 30 bilhões – era de US$ 27 bilhões.
O BC alterou também a expectativa de remessas de lucros e dividendos, que passou de US$ 7,8 bilhões para US$ 9 bilhões. Entre janeiro e maio, as remessas somavam US$ 5,07 bilhões.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o aumento da rentabilidade das empresas no ano passado contribuiu para o crescimento das remessas de lucros e dividendos em 2005.
No ano passado, o Brasil recebeu US$ 18,166 bilhões em investimentos estrangeiros diretos, um crescimento de 79,1% sobre o número registrado em 2003 (US$ 10,144 bilhões).