O investidor estrangeiro de longo prazo não deixou o Brasil de lado, mas quer ver sinais concretos de mudanças, com um início da retomada do crescimento, para realocar capital de longo prazo no País, segundo Daniel Haas, sócio da consultoria Bain & Company nos Estados Unidos. Para ele, o tamanho da retração da economia brasileira surpreendeu os investidores institucionais estrangeiros e agora o tom é de cautela para a escolha do melhor momento para fazer novos aportes.
“O Brasil é uma economia onde os investidores institucionais querem colocar o seu dinheiro, mas a única coisa que está sendo aguardada é quando a confiança voltará”, disse Haas ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, após encontro com clientes esta semana em São Paulo para apresentação de estudo feito pela consultoria sobre o mercado mundial de private equity.
Segundo ele, todos os investidores institucionais e de private equity com os quais trabalha estão comprometidos com o investimento de longo prazo no Brasil, mas optaram, neste momento, por aguardar, para ver qual trajetória o País tomará após o período de recessão e se será capaz de equilibrar suas contas para retomar o crescimento. “Há um questionamento de quanto o governo terá de mudar para a confiança voltar. E mesmo mudando o governo, não haverá uma eleição até 2018”, destaca.
André Castellinni, sócio da Bain & Company no Brasil, frisa que os investidores estrangeiros continuam olhando o País e analisando as companhias, a despeito do atual cenário, mas vão aguardar para ver as medidas que começam a ser anunciadas se concretizarem, no sentido de iniciar uma recuperação da economia local. “Os investidores são positivos em relação ao Brasil no longo prazo, mas precisam ver as coisas feitas, com equilíbrio das contas públicas, por exemplo”, disse.
Em relação aos preços dos ativos no Brasil, o sócio americano da Bain afirma que eles podem parecer baixos para os que estão na ponta vendedora, mas que, no entanto, há muitas incertezas por parte do investidor em relação ao futuro da economia do País, tendo em vista as expectativas de crescimento, inflação e taxa de juros, entre outros pontos.
“Os investimentos podem demorar um pouco para voltar, mas a boa notícia é que os investidores estratégicos, as companhias que estão fora do Brasil e os institucionais reconhecem as vantagens de longo prazo do Brasil. É só uma questão de tempo até eles verem sinais suficientes para voltarem a investir. Eu ainda não vi um investidor que tenha eliminado o Brasil, mas agora ele prefere esperar por ações concretas”, destaca Haas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.