Atualmente, produz-se no mundo 120 milhões de sacas de café para um consumo médio de 118 milhões de sacas no ano. Consumo este que tem sido crescente nos últimos tempos, pelo menos 2 milhões de sacas a mais por ano, o que significa que, neste ritmo, pode chegar a 126 milhões de sacas em 2010. Por outro lado, países tradicionais produtores de café não têm aumentado seus plantios, nem têm condições para isso, com exceção do Brasil, responsável por 30% do que se produz no mundo. Há outros países em que o plantio tem aumentado, mas são iniciantes e o potencial não é grande.
Os estoques mundiais de café é um dos mais baixos dos últimos 20 anos, o suficiente para três meses de abastecimento. Isto significa que qualquer problema que afete a produção no Brasil pode mudar muito o quadro atual. ?O cenário que se desenha é bastante semelhante ao que antecedeu 1997, quando os preços do café estouraram, chegando a US$ 300,00 a saca, mas isso não quer dizer que vamos ter café a este preço novamente?, afirmou o gerente de comercialização da Cocamar, Adenir Volpato, o ?Gabarito?.
Esses dados acima foram apresentados por ele, recentemente em Japurá, região de Cianorte, a cafeicultores da região que participaram de uma ATC (Assistência Técnica Coletiva) sobre mercado e comercialização do produto, promovida pela cooperativa. A palestra abordou também a importância do café como opção de diversificação da propriedade e de se cuidar da lavoura e da colheita para garantir produtividade e qualidade.
Clima
O gerente de comercialização da Cocamar alertou, entretanto, que já foi o tempo em que uma geada ou estiagem no Paraná afetava os preços no Brasil e no mundo. A atual produção paranaense, cerca de 2 milhões de sacas, representam apenas 5% do que o Brasil produz, contra os 20 milhões de sacas de Minas Gerais, quase metade da produção brasileira de café. ?Um estiagem severa ou uma geada forte nos cafezais mineiros, isto sim poderia impulsionar os preços do café?, disse.
O atraso na liberação dos recursos do Funcafé para comercialização da safra e a pressão de venda por conta do avanço da colheita e da necessidade de cobrir despesas, provocaram as quedas normais de preços na saca de café neste período. Mas terminada a colheita, Gabarito afirmou que a tendência é de retomada nos preços. ?A possibilidade de ganho com o café na entressafra é boa. O cenário é muito positivo para os próximos anos e a lógica nos mostra que teremos bons momentos para comercialização do café?, avaliou, ressaltando, entretanto, que ninguém melhor do que o produtor para avaliar qual o momento ideal de comercializar sua produção, com acompanhamento das tendências e com base em suas demandas de recursos, custos e possibilidades de ganho.