O diretor da área internacional do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, disse nesta sexta-feira, 22, que as medidas de política monetária não convencionais usadas para evitar uma depressão financeira foram bem-sucedidas, mas não conseguiram reativar o espírito animal dos investidores e empreendedores globais.

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De acordo com ele, apesar destas medidas terem salvado o mundo de uma crise muito séria, a reativação do espírito animal dos empresários se dará de forma lenta, também porque estão em curso novos arranjos políticos nos países avançados que se encontram em crise. “Isso cria dificuldades para a reativação do espírito animal dos empreendedores”, disse Awazu, que profere palestra neste momento no seminário que marca os 20 anos da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet).

Ainda de acordo com o diretor do BC, essa situação coloca em questão qual será o patamar de crescimento global. Pelo lado dos emergentes, o que foi colocado de mais dramático, que seria a “tempestade perfeita”, não se concretizou. A razão disso é que se esperava que as políticas não convencionais fossem criar uma bolha de preços, o que não aconteceu.

Awazu reconheceu, no entanto, que houve uma rodada de revisão para baixo nas previsões de crescimento dos países emergentes. “Minha hipótese é de que não estamos em uma armadilha em que a renda média dos emergentes deve desacelerar”, disse o diretor, acrescentando que o processo de saída da crise deve levar a um ciclo de crescimento, em que cada país está procurando uma forma particular de lidar com os problemas.

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Awazu entende que é preciso pensar em um processo de crescimento gradual e que os países emergentes devem analisar seu próprio quadro de reformas. Com relação ao Brasil, ele diz que o País precisa manter seus fundamentos sólidos. “E penso que alguns deles já estão sendo endereçados. Temos condições de nos tornarmos um grande centro de produção, porque temos uma economia diversificada e temos condições de reagir de forma tempestiva aos choques da crise”, afirmou.

Ainda segundo Awazu, o Brasil tem agido de forma pragmática diante desse processo de crise global. O País não tem se desanimado diante da crise e nem mostrado muito otimismo, afirmou. “O País tem consciência de que tem coisas relativamente factíveis para serem implementadas e que pode fazer as reformas de baixo custo e crescer sustentadamente”.

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