De balões a cachimbos, de cadeiras de dentista a sutiãs. As pequenas e médias empresas estão aproveitando os recursos do Programa de Financiamento às Exportações (Proex) para vender de tudo no exterior. Segundo o chefe do Departamento de Governo do Banco do Brasil, Fernando Magno, a idéia do Proex de levar o apoio público a setores que, sem ajuda externa, não teriam condições de vender seus produtos no mercado internacional começa a render bons frutos, que estão ajudando a engordar o superávit de quase US$ 24 bilhões da balança comercial em 2003.
Segundo ele, das 400 empresas que utilizam recursos do Proex, apenas 11% são de grande porte. Outras 39% são de médio porte, 37%, pequenas e 13%, micros.
? As pequenas e médias empresas estão usando ferramentas públicas. A idéia do governo é levar o apoio público a empresas em que a exportação não faz parte do dia-a-dia ?, explica Magno.
As vendas de empresas pouco tradicionais no comércio exterior não só reforçam o saldo do comércio exterior do País como abrem mercados, ajudando o Brasil a diversificar os mercados para os quais exporta. O Proex já financiou vendas de microempresas para países tão diferentes como Croácia, Tailândia, Romênia, República Checa, China e Japão.
A empresa fabricante de calçados infantis Klin resume o perfil das empresas que vêm descobrindo os benefícios de conquistar frentes de negócios fora do País. Com uma produção anual de 17 milhões de pares de sapatos, a empresa exporta 20,5% de sua produção, ou 3,5 milhões de pares.
Segundo o coordenador de exportação da empresa, Djalma Claro, a Klin recorreu à ajuda do Proex para vender seus produtos em 2001 e 2002.
? Com o Proex, conseguimos obter uma taxa de juros bem abaixo das cobradas pelos bancos. Enquanto no mercado as taxas chegam a 8%, com a ajuda do Proex elas caíram para 2,5% ao ano ? afirma Claro.
Os compradores de produtos da Klin vão desde os Emirados Árabes (que compram 25% do total exportado) até México e Estados Unidos. A empresa também vende para Arábia Saudita, Turquia, Chipre, Nova Caledônia, Europa, França e Itália.
Segundo Claro, a empresa vem aumentando a cada ano suas vendas para o exterior. Em 2002, foram comercializados 2,5 milhões de pares de sapatos e, para 2004, a previsão é de vendas acima de 3,5 milhões de pares.
? Começamos a vender nossos produtos para o exterior há dez anos, quando entramos no mercado argentino. Mas fomos diversificando os nossos mercados ao longo dos últimos quatro anos ?, diz o coordenador da Klin.
O Proex ajuda a exportação de empresas por intermédio de dois tipos de programas. O financiamento propriamente dito, que em 2003 destinou US$ 189,3 milhões até novembro às empresas e gerou exportações de US$ 215 milhões, e o programa de equalização de taxas de juros. Neste caso, a ajuda às empresas acontece quando o Proex regula as diferenças entre as taxas de juros interna e externa para permitir a venda de produtos no exterior. Entre janeiro e outubro de 2003, o Proex gastou US$ 196,2 milhões no programa para equilibrar as taxas de juros, o que permitiu exportações de US$ 2,7 bilhões. Ao todo, o programa tinha disponíveis US$ 800 milhões para financiar exportações em 2003.
Para aumentar a quantidade de usuários do Proex este ano, o número de gerentes de negócios internacionais nas agências do Banco do Brasil foi reforçado e foram realizados programas específicos de treinamento para pequenas e médias empresas na área de comércio exterior.
? A prova de que os pequenos e médios empresários buscaram aumentar ainda mais suas vendas procurando o mercado externo está no fato de que houve aumento de 50% no número de pequenas empresas que buscaram a ajuda do Proex este ano. O aumento no número de vendas dessas empresas foi de 25% este ano ?, conta Magno.
O governo também decidiu estimular as pequenas empresas a ficarem no processo de exportações por intermédio de um prêmio. As empresas que conseguem manter sua atuação no mercado externo recebem do governo uma estatueta.