A Unidade de Reflorestamento e Mata Ciliar é uma das atrações da 44.ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina. A proteção das margens de lagos, mananciais e rios – assunto que tem chamado a atenção da população urbana – é fundamental para os produtores rurais. Eles dependem da água de boa qualidade para as lavouras, criações e consumo próprio.
Na fazendinha Via Rural esse assunto é mostrado na prática, com a significativa quantidade de árvores cultivadas desde 1995 nas margens do Rio Cambézinho, dentro do Parque de Exposições Ney Braga. A unidade se destaca por ocupar quase 20% da área de 11 mil metros quadrados. Estão expostas mudas nativas e exóticas utilizadas no reflorestamento econômico, mata ciliar e replantios, mostrando o procedimento tecnológico recomendado. Também pode ser visitada uma minisserraria destinada à produção de madeira e artefatos. O monitoramento técnico é prestado pela Emater-Paraná, empresa do governo estadual vinculada à Secretaria da Agricultura, com apoio da Copel, Sanepar, IAP e das secretarias estaduais do Planejamento e do Meio Ambiente.
Estão expostas variedades de mudas como arranhagato, crinduíva, embaúba, fumobravo, pau-cigarra, paujacaré, tapiá, aroeira, pau d?alho, farinhaseca, amendoim-bravo, canafístula, chuvadeouro e timbaúva. Para Saulo Gaspar, coordenador regional da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de Londrina, existe metodologia para a recuperação da mata ciliar e o plantio é apenas um dos procedimentos. “Há toda uma seqüência de resgate com o cultivo de árvores nativas pioneiras da região, que protegem as secundárias e as demais, dando assim um equilíbrio na vegetação”.
Segundo o técnico agrícola da Emater, Romeu de Souza, a mata ciliar é uma das formações vegetais mais importantes para a preservação da vida e da natureza. “O próprio nome já diz tudo: assim como os cílios protegem os nossos olhos, a mata serve de proteção para os rios e córregos, retendo impurezas e preservando a integridade da água”, afirma Souza. Uma das propostas do programa é fazer um corredor de biodiversidade ligando as matas e florestas existentes no Paraná, facilitando a integração, e conseqüentemente a reprodução da fauna, evitando o desaparecimento de algumas das espécies mais importantes na manutenção do equilíbrio da natureza.
Apesar de tão necessária, a mata ciliar vem desaparecendo muito rapidamente por causa da falta de informação sobre a sua importância. A ocupação de várzeas por plantações e pastagens, a falta de técnica para o uso e proteção do solo, o despejo de enormes quantidades de lixo e esgoto nos rios e a falta de planos para a utilização racional e adequada das florestas agravam o problema das enchentes e provocam o acúmulo de material sólido nas barragens e no fundo dos rios.
Em paralelo ao tema da campanha da fraternidade deste ano “Á água fonte de vida”, o governo do Paraná lançou no dia 22 de março o Programa Estadual de Recuperação e Conservação da Mata Ciliar, para o plantio de 90 milhões de mudas em quatro anos. “Já foram plantadas mais de 1 milhão de mudas em todo Paraná, 3% a mais do que estava prevista”, conta Saulo Gaspar, da Sema.
Combate ao cancro cítrico
Todo o processo de desenvolvimento do manejo integrado do cancro cítrico pelo Iapar pode ser conhecido, em detalhes, no Parque de Exposições Ney Braga, em Londrina. O trabalho participa da Mostra Internacional de Tecnologia Rural Ruraltech, e o pesquisador Rui Pereira Leite permanece no estande, localizado no pavilhão internacional, para atender os interessados.
O manejo integrado do cancro cítrico se baseia no uso, concomitante, de medidas legais, zoneamento de novos plantios e erradicação dos pomares contaminados, plantio de cultivares resistentes e aplicações preventivas de bactericidas.
Rui Pereira Leite explica que, no Paraná, todo o processo de produção – desde a implantação de pomares até a comercialização e exportação dos frutos e derivados – é regulamentado por lei. Viveiros e pomares somente podem ser implantados depois que técnicos da Secretaria da Agricultura fazem uma vistoria, comprovam que a área está livre de cancro cítrico e autorizam o plantio. A erradicação é utilizada para eliminar lavouras antigas, de variedades suscetíveis à doença. E, caso o produtor pretenda continuar a atividade no mesmo local, a área deve passar por um período de quarentena fiscalizado.