Passada a Copa, 23 entidades empresariais deverão começar a ser chamadas, em grupos de quatro ou cinco, para discutir novas medidas de estímulo com os Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A ideia é prosseguir com as negociações que tiveram com a presidente Dilma Rousseff em reunião no Planalto, dia 18.

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Já naquela ocasião, foram atendidos pedidos da indústria, como tornar permanente a desoneração da folha salarial e retomar, também em caráter permanente, o Reintegra – que é um incentivo à exportação. Mas a presidente deixou claro que pretende discutir mais medidas, incluindo pleitos setoriais específicos. E incumbiu os dois ministérios de prosseguir nas negociações.

De acordo com o MDIC, o diálogo ainda está nos estágios iniciais. Porém, os setores já estão com as agendas prontas. Dado o calendário curto, a opção do empresariado foi concentrar as conversas em providências que possam ser adotadas por um governo que está a cinco meses de seu final. Embora avaliem que as reformas são urgentes, os executivos deixaram esses temas em outro balcão, no qual o diálogo não será só com Dilma, mas também com os demais presidenciáveis.

“Há coisas que podem ser feitas no curto prazo, com efeito imediato”, defendeu o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover. Seu setor pede, por exemplo, que seja intensificada a fiscalização da Receita e do Ministério do Trabalho. Houve um aumento de informalidade entre as empresas do setor, de forma que aquelas que pagam os tributos corretamente sofrem com concorrência desleal.

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Crédito

Outra medida de curto prazo defendida pela entidade é a redução dos juros do Construcard, linha de crédito da Caixa para reforma e construção. Segundo Cover, os empréstimos ao consumidor subiram muito mais do que a Selic, e isso vem encolhendo as vendas. Por sua vez, o setor de construção civil tem um pleito bem específico: garantir que programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida prossigam. “Esse governo vai acabar e como é que eu faço? Compro terreno? Não compro?”, questiona o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.

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O ideal, diz ele, é que esse fosse um programa de Estado, de forma que prosseguisse independentemente de quem estiver no Planalto. Como essa não é uma providência trivial, a entidade sugere algo mais simples: incluir o MCMV no Plano Plurianual. Esse plano, que serve de base para a elaboração dos orçamentos anuais do governo federal, abrange um período de quatro anos, mas descasado com o mandato presidencial.

Na semana passada, Dilma confirmou que o governo vai adotar uma terceira fase do Minha Casa, com o objetivo de construir 3 milhões de moradias de 2015 a 2018.

Impostos. Já o setor têxtil discute um regime tributário específico para as confecções, consideradas o elo mais frágil da cadeia produtiva. Se a conversa prosperar, as empresas verão sua carga tributária total cair dos atuais 18% para 3%. É como se todo o setor fosse incluído numa versão específica de Simples. “O diferencial é que não tem o teto de enquadramento que tem no Simples”, explicou presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Rafael Cervone.

As empresas do setor têxtil têm outro pleito que pode ser resolvido na base da “canetada”: o alongamento dos prazos de recolhimento dos tributos. Esse é um pedido geral da indústria. Se o pagamento de impostos ocorrer em períodos próximos aos do recebimento das receitas de venda, isso facilita a gestão de caixa das empresas e dá a elas mais fôlego.

Entre as medidas em preparação, a de maior impacto, por beneficiar a indústria de maneira horizontal, é o programa de renovação de máquinas. As fábricas terão acesso a empréstimos subsidiados e a um crédito tributário para trocar seus equipamentos. “É como se o governo estivesse comprando a máquina velha”, explicou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Buch Pastoriza.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.