Agricultura

Estiagem causa prejuízos de R$ 1,5 bilhão ao Paraná

A safra de grãos do Paraná 2008/2009 será menor que a estimada, devido principalmente à falta de chuvas verificadas em algumas regiões do Estado, com mais intensidade nos últimos dois meses do ano.

Segundo levantamento apresentado ontem pelo secretário de Agricultura e Abastecimento, Valter Bianchini, os prejuízos chegam a R$ 1,5 bilhão com a perda de quase três milhões de toneladas (2,97 milhões) de produtos, entre feijão, milho, soja, fumo, batata e cebola.

Em razão do fenômeno climático, o Estado vai colher 19 milhões de toneladas, considerando somente os grãos, e não mais os 21,7 milhões de toneladas, da previsão inicial.

O secretário disse que esse resultado sem dúvida vai causar impacto no bolso do consumidor, já que “tudo o que acontece na agricultura paranaense tem reflexos no cenário nacional”.

O feijão foi a cultura até agora mais atingida com a falta de chuvas. Segundo relatório do Departamento de Economia Rural (Deral), a quebra no produto pode chegar a 25,5% da safra estimada.

O Paraná é o maior produtor de feijão do País e previa colher 610,5 mil toneladas na primeira safra. Com a estiagem, deverá colher 454,8 mil toneladas, uma redução de 155,7 mil toneladas, que deverá acarretar prejuízos de R$ 260,8 milhões aos produtores.

No mercado atacadista o preço da saca de feijão já reagiu 25%, passando de R$ 80,00 a saca para R$ 100,00 a saca. O milho também foi bastante prejudicado, com uma quebra de 20%.

A falta de chuvas ocorrida entre meados de novembro a dezembro foi muito prejudicial às lavouras porque elas estavam nas fases de floração e frutificação, que são as mais vulneráveis ao déficit hídrico, portanto as perdas foram irreversíveis. Segundo o Deral, foi a maior quebra em volume de produção.

A previsão inicial era colher 8,73 milhões de toneladas de milho e a estimativa atual prevê 6,98 milhões de toneladas, que corresponde a uma perda de 1,75 milhão de toneladas e prejuízos avaliados em R$ 443,8 milhões.

Bianchini acredita que o volume de milho perdido poderá ser recuperado na safrinha. “Se o preço do milho reagir acima de R$ 15,00 a saca a tendência do agricultor será recuperar as perdas na safrinha”, afirmou.

As regiões mais castigadas com a perda do milho foram Campo Mourão, Cascavel, Francisco Beltrão, Guarapuava, Irati, Laranjeiras do Sul, Pato Branco e Ponta Grossa. Juntas essas oito regiões respondem por 60% da produção estadual.

A soja, por ser uma cultura que foi plantada mais tarde, sofreu menos. Mas o prejuízo financeiro é maior em decorrência do valor do grão nos mercados interno e externo. O Deral estima uma redução de 8,3%, que corresponde a uma quebra de produção de 1,02 milhão de toneladas e prejuízos avaliados em R$ 673,5 milhões.

A estimativa inicial previa uma produção de 12,23 milhões de toneladas, que foi reduzida para 11,21 milhões de toneladas. As lavouras prejudicadas estavam em floração e iniciaram a frutificação em pleno período de estiagem. Lavouras plantadas no início de novembro ainda podem se desenvolver e ter boa produtividade.

As maiores perdas foram verificadas nas regiões de Campo Mourão, Cascavel, Cornélio Procópio, Francisco Beltrão, Londrina e Toledo. Essas seis regiões respondem por 53% da produção estadual.

Soja ainda pode se recuperar

O Secretário da Agricultura, Valter Bianchini, manifestou otimismo com a recuperação da soja se o verão tiver um regime de chuvas normal no Paraná. Mas chamou a atenção para o risco das alterações climáticas que vêm ocorrendo com freqüência numa faixa que envolve o oeste, sudoeste do Paraná, prolongando por toda a região fronteiriça do País, como o oeste Catarinense e do Rio Grande do Sul,.

Nessas regiões as variações de temperatura num mesmo dia estão muito voláteis, o que reduzem as possibilidades de recuperação hídrica do solo. Para se ter uma idéia, o município de Francisco Beltrão teve perdas de 50% nas lavouras de milho, onde a falta de chuvas atingiu a cultura na fase de frutificação.

Outra cultura prejudicada pelo clima foi o fumo, atingindo os produtores de Irati e Rio Azul, que já vinham sofrendo com as perdas no feijão. Segundo Bianchini, o fumo proporciona uma renda importante na região centro-sul do Estado, onde a quebra de produção foi de 14%. A produção perdida é da ordem de 20,8 mil toneladas e prejuízos avaliados em R$ 113,2 milhões aos agricultores.

Lavouras de batata e cebola tiveram quebras de produção de 5,5% e de 4,3%, respectivamente, com prejuízos aos produtores de R$ 9,7 milhões entre as duas culturas.

Bianchini anunciou ainda que já foram feitas 10 mil solicitações de seguro agrícola em decorrência da estiagem. Para agilizar o levantamento de campo, a Emater-PR irá colocar cerca de 100 técnicos de campo para atender os agricultores.

Segundo o secretário, as lavouras asseguradas por financiamentos agrícolas e principalmente junto ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) terão o amparo do Proagro que prevê uma receita adicional de R$ 1.500,00 para o agricultor familiar esperar até a próxima safra.

Para as demais culturas, a previsão é solicitar junto às instituições financeiras a criação de novas linhas de crédito a partir de janeiro de 2009 para financiar novos plantios de feijão e milho.

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